Parte 2 Desenvolvendo o Processo de Escolha do Parceiro Amoroso
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Parte 2 Desenvolvendo o Processo de Escolha do Parceiro Amoroso


2. Desenvolvendo o Processo de Escolha do Parceiro Amoroso

Geralmente é por volta dos 20 a 40 anos que começamos a fazer nossas escolhas de vida, escolher com quem iremos nos casar, se teremos filhos ou não. Tais decisões devem ser muito bem pensadas, pois podem se estender pela maior parte de nossas vidas (OLDS; PAPALIA, 2000).
Para Olds e Papalia (2000), é nesta fase que ocorre a ideia de pertencer a alguém, é quando os relacionamentos se tornam fortes, íntimos e com amor, pois a maturidade individual já aconteceu, podendo assim formarmos uma relação, em que a troca será mútua, e cada um poderá dar ao outro o que ele necessita.
Segundo Erikson (apudOLDS; PAPALIA, 2000, p. 400), “desenvolver relacionamentos íntimos, é tarefa crucial do adulto jovem.” Na teoria proposta por Erikson, o adulto jovem que, durante a adolescência, desenvolveu um forte senso de identidade, já está pronto para a fase que é chamada intimidadeversusisolamento, é aqui que os indivíduos estabelecem um senso de comprometimento um com o outro, tendo assim sua estrutura principal formada para ir em busca de uma companhia e formar sua relação. O jovem adulto que resolveu a crise de intimidadeversusisolamento estará agora disposto a viver um relacionamento a dois, com quem escolheu partilhar sua vida, ter filhos e formar uma união saudável e duradoura (OLDS; PAPALIA, 2000).
Para Erikson (apudRAPPAPORT, 1981b), o sentimento adquirido de ser “eu”, estabelecido na etapa da identidade, possibilitará ao adulto unir sua identidade a outra, podendo ser este um amor, ou uma relação mais concreta, sem que se sinta ameaçado ou controlado pelo outro.
Conforme Olds e Papalia (2000), as pessoas tendem a buscar, para se unirem, parceiros semelhantes, na aparência física, inteligência ou, até mesmo, com preferências iguais, enfim, procuram uma semelhança para decidirem qual será a pessoa ideal para compartilhar suas vidas, além disso tentam buscar, na repetição, a semelhança da relação dos seus próprios pais, ou seja, a aproximação com a mesma felicidade e união se assim o tiveram.
Para Bee (1997), nós praticamos um processo de escolha antes de nos unirmos a alguém. Este processo é por ela descrito como sendo composto de três etapas. A primeira a ser observada são as características externas da pessoa. Neste primeiro momento, será observado se esta pessoa combina fisicamente, a idade e também se a classe social são compatíveis. No segundo momento, observamos as atitudes e crenças em relação ao sexo, religião, se as escolhas são semelhantes as suas ou não. Já, no terceiro e último momento, a compatibilidade relaciona-se aos ideais sobre sexo, relacionamento, família e filhos, aspectos que são fortes influenciadores para o escolhido. Portanto, para Bee (1997), somos atraídos por quem é parecido conosco. Também não podemos esquecer que a atração sexual exerce um poderoso papel na hora de atrair ou ser atraído por alguém.
 Freud (1910) coloca um ponto obscuro e ao mesmo tempo intrigante na forma de ver como é feita a escolha do objeto amado pelo homem. Evidenciando que o que tem por trás do objeto que escolhemos para amar na vida adulta, nada mais é que uma representação do amor e cuidado que recebemos na nossa infância, Freud apresenta quatro características que seriam fundamentais para a escolha do objeto que vai ser amado.
Para iniciar a escolha, o homem irá desejar, como objeto de seu amor, uma mulher que seja também cobiçada por outros, ou seja, que algum homem reivindique direitos ou posse sobre ela. Tendo isso como base, estes sentimentos que incidem ao homem procurar desta forma seu objeto de escolha, remonta do seu complexo de Édipo, em que a mulher cobiçada e desejada por outro é sua própria mãe e quem reivindica direitos sobre ela é seu próprio rival, o pai (FREUD, 1910).
O segundo passo é que a mulher pura, ingênua e que expressa extrema fidelidade, na teoria de Freud (1910), não é a mulher que vai ser a primeira escolhida por esses homens. Podemos achar um pouco complexa esta forma de escolha, mas, para o autor, o amor que dedicará a esta mulher deverá ter um certo dispêndio de energia, fantasiando seu bem-amado ao ser possuída por outro homem. Não que esta mulher vá traí-lo, mas a questão é que cause um certo ponto de incerteza e ciúme, provocando sua masculinidade de proprietário de um bem que, na verdade, não lhe pertence. Na verdade, na fantasia da criança, a mãe sempre será inocente e pura, ela sempre vai precisar do homenzinho para defendê-la, o que fica um tanto que contraditório na vida adulta. Assim o homem, com sua mentalidade machista, deseja ter uma mulher que poderá algum dia traí-lo. Para explicar essa possível escolha, retornaremos a fase edípica, pois, quando o menino começa a ter noções do que é o ato sexual, e que sua mãe também o pratica, mas ela o faz com o seu rival - o pai, gera no menino o sentimento de infidelidade. Podemos pensar que vem desta fase edípica o desejo deste homem possuir uma mulher que poderá traí-lo.
Chegamos a terceira condição, em que Freud (1910) explica que a mulher é considerada do mais alto valor pelos seus dotes sexuais, sendo estes permitidos apenas a um único homem. Essas mulheres são consideradas como as únicas a serem amadas e serão descartadas com toda ira se este objeto de prazer for oferecido a outros. Na última condição para escolha, a mulher é vista como um objeto frágil e que necessita do homem para salvá-la, fechando, assim, a parte total e integrante de um objeto de escolha por parte de um homem.
Nas duas últimas condições para a escolha de objeto, retornando a fase edípica, a identificação de ver sua mãe como única e de apenas um único homem é transferida para sua vida futura, quando os outros podem desejar tê-la como mulher, mas apenas ele pode usufruir o amor desta. Quanto à ideia de que as mulheres devem ser salvas pelo homem, Freud (1910) diz que esta forma de salvamento é dar uma recompensa para esta mulher que lhe deu a vida, portanto, na vida adulta, este homem dará a sua mulher um filho que será igual a ele.  
É possível identificar o que ocorre com o indivíduo para que ele estabeleça estas condições na busca do seu objeto de amor. No amor normal, algumas características da mãe permanecem na escolha do objeto, visto que o homem manifestará isso mais tarde na sua escolha, o que é bem visível quando um rapaz se apaixona por uma mulher com idade um pouco mais avançada que a dele, demonstrando, para Freud (1910, p. 174), que:
A libido permaneceu ligada á mãe por tanto tempo, mesmo depois do início da puberdade, que as características maternas permanecem impressas nos objetos amorosos que são escolhidos mais tarde, e todas elas se transformam em substitutos facilmente reconhecíveis da mãe.
Portanto, na teoria de Freud (1910), a nossa energia libidinal ou também chamada pelo autor de investimento[1]é liberada para o amor maternal na infância quando cria um elo, entre mãe e filho, e é esta energia que fará parte da nossa busca pelo parceiro da vida adulta, quando retornaremos a esta fase inconsciente para viver aquele amor e cuidado que ganhamos na nossa infância.
Podemos, neste momento, explicar o que Freud coloca como sendo um objeto em suas obras, e que neste trabalho aparecerá em grande número. Neste caso recorremos aoVocabulário de Psicanálise,em que Laplanche e Pontalis (2001, p. 326) explicam de forma pontual este termo utilizado como sendo um:
[…] correlativo da pulsão, é aquilo em que e por que esta procura atingir a sua meta, isto é, um certo tipo de satisfação. Pode tratar-se de uma pessoa ou de um objeto parcial, de um objeto real ou de um objeto fantasístico. Enquanto correlativo do amor (ou ódio), trata-se então da relação da pessoa total, ou da instância do ego, com um objeto visado também como totalidade (pessoa, entidade, ideal, etc.) (o adjetivo correspondente seria “objetal”).

Desta forma, compreendemos o significado da palavra “objeto” utilizada nas obras de Freud.

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