I.2- DEFINIÇÕES: TECENDO COMENTÁRIOS-Parte Integrante da monografia A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo por JLTS
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I.2- DEFINIÇÕES: TECENDO COMENTÁRIOS-Parte Integrante da monografia A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo por JLTS


I.2- DEFINIÇÕES: TECENDO COMENTÁRIOS

Como foi dito anteriormente, psicanálise é um método para investigação de processos mentais ,quase inacessíveis, de modo a fazer tratamento de desordens neurológicas que outras ciências eram incapazes de solucionar.

A grande originalidade de Freud -escreve ele - não foi descobrir a sexualidade sob a neurose. A sexualidade estava lá, Charcot já falara dela. Sua originalidade foi tomar isto ao pé da letra e edificar a partir daí a Traumdeutung, que é algo diferente da etiologia sexual das neuroses (...) o forte da psicanálise é ter desembocado em algo totalmente diferente que é a lógica do inconsciente.
(Foucault, 1979,pp. 261-262)

Chamamos Psicanálise ao trabalho pelo qual levamos à consciência do doente o psíquico recalcado nele. Da mesma maneira quanto as manifestações psíquicas consideradas não patológicas, que ele só imperfeitamente estava consciente das motivações delas, que outros motivos pulsionais que para ele permaneceram desconhecidos tinham contribuído para as produzir. Podemos dizer também que Psicanálise é um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento. A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento, e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, abordando os diversos vieses da psicanálise.

A Psicanálise é uma disciplina científica instituída por Sigmund Freud há cerca de oitenta e seis anos atrás, as teorias psicanalistas se referem tanto ao normal quanto ao anormal, ainda que se tenham derivado essencialmente do estudo e do tratamento da anormalidade. De acordo com a teoria psicanalítica, os processos mentais inconscientes são de grande frequência e significado no funcionamento normal como no anormal.

O inconsciente está sempre vazio; ou, mais exatamente, ele é tão estranho às imagens quanto o estômago aos alimentos que o atravessam. Órgão de uma função específica, ele se limita a impor leis estruturais, que esgotam sua realidade, a elementos inarticulados que provêm de outra parte: pulsões, emoções, representações, recordações.
(op.cit., pp.234-235)

Freud relaciona a teoria evolutiva da sexualidade com o desenvolvimento das relações do objeto. Enfatiza a importância dos relacionamentos iniciais da criança que buscam o equilíbrio homeostático (prazer, frio, fome etc.) e não percebem o mundo externo , apenas os estados de tensão e relaxação. As relações são do tipo primitiva e se iniciam neste momento, quando percebe que as sensações ruins persistem na ausência do objeto.


A teoria do trauma psíquico vai ter profunda repercussão sobre os escritos iniciais de Freud e , paradoxalmente , vai se constituir no impedimento maior à elaboração da teoria psicanalítica. Enquanto persistir a teoria do trauma, a sexualidade infantil e o Édipo não poderão fazer sua entrada em cena, posto que nela os sintomas neuróticos permanecem dependentes de um acontecimento traumático real que os produziu e não das fantasias edipianas da criança.
(cf. Mannoni, 1976, pp. 35-36)

Pelo determinismo psíquico, é que na mente, assim como na natureza física que nos cerca, nada acontece por acaso ou de modo fortuito portanto não existe descontinuidade na vida mental.

Por meio da técnica psicanalista, Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos, quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para a pessoa que sonha, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica. O sonho é uma forma de satisfazer desejos que não foram ou não podem ser realizados durante o dia. Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos , e assim estabelecer, como regra geral, que , quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para a pessoa que sonha, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica.

Em determinadas circunstâncias, um sonho só é capaz de levar a efeito a sua intenção de modo muito incompleto, ou, então, tem de abandoná-la por inteiro. A fixação inconsciente a um trauma parece estar acima de tudo, entre esses obstáculos à função de sonhar. (Freud,1933,livro 28,p.43 na ed. bras.)

O inconsciente contém todas as ideias e afetos reprimidos e está relacionado com os instintos.

O inconsciente está sempre vazio; ou, mais exatamente, ele é tão estranho às imagens quanto o estômago aos alimentos que o atravessam. Órgão de uma função específica, ele se limita a impor leis estruturais, que esgotam sua realidade, a elementos inarticulados que provêm de outra parte: pulsões, emoções, representações, recordações.
(op.cit., pp.234-235)

O pré-consciente é uma ponte de acesso à consciência dos elementos do inconsciente, uma das funções e manter a censura dos desejos.

Já o consciente e a consciência de estímulos perceptuais do mundo externo, apenas elementos do pré-consciente podem penetrá-lo.

Ego possui a tarefa de autopreservação, consciência dos estímulos,armazena experiências (memória),evita estímulos fortes (fuga) , traumáticos, lida com estímulos moderados (adaptação). Controla as exigências do instinto , adiando sua satisfação para condições mais favoráveis.

São estas as principais características do ego : em consequência da conexão pré-estabelecida entre a percepção sensorial e a ação muscular, o ego tem sob seu comando o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de autopreservação. Com referência aos acontecimentos externos desempenha essa missão dando-se conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre elas (na memória), evitando estímulos excessivamente internos (mediante a fuga) , lidando com estímulos moderados ( através da adaptação) e, finalmente, aprendendo a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio benefício ( através da atividade). Com referência aos acontecimentos internos, em relação ao id, ele desempenha essa missão obtendo controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprimindo inteiramente as suas excitações. É dirigido, em sua atividade, pela consideração das tensões produzidas pelos estímulos; despejam estas tensões nele presentes ou são nele introduzidas. A elevação dessas tensões é , em geral, sentida como desprazer e o seu abaixamento como prazer... O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer.
(Freud,1940, livro 7, pp. 18-19 , ed. bras.)

Id é desorganizado, sob o domínio de processos primários, energias instintivas. Opera de acordo com o princípio de realidade, ou seja, os instintos primários.

O id contém tudo que é herdado, que se acha presente no nascimento, que está presente na constituição- acima de tudo, portanto, os instintos que se originam da organização somática e que aqui ( no id) encontram uma primeira expressão psíquica, sob formas que não são desconhecidas.
(Freud,1940, livro 7, pp. 17-18 , ed. bras.)


O superego está relacionado com o comportamento moral, forma-se com a dissolução do complexo de Édipo agindo como repressor dos instintos.

O superego se desenvolve não a partir do id, mas a partir do ego. Atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do ego. É o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos construtos que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do superego : consciência, autorealização e formação de ideias. Enquanto consciência, o superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente; mas também age inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas, aparecendo como compulsões ou proibições. "Aquele que sofre (de compulsões e proibições) comporta-se como se estivesse dominado por um sentimento de culpa, do qual, entretanto, nada sabe"
(Freud,1907, livro 31, p. 17 na ed. bras.)

Jacques Lacan foi seguidor que mais contribuiu e deu continuidade as obras de Sigmund Freud, Lacan (1901-1980) nasceu na França em Orleans. Formou-se em medicina, atuando como neurologista e psiquiatra e se considerava um psicanalista Freudiano. Lacan nasceu numa família na qual a religião católica tinha um grande valor íntimo. Lacan perdeu a fé no final dos anos 20.

Para Lacan, a psicanálise é uma prática, onde através do método da livre associação chegaremos ao núcleo do seu ser. É historicamente definida pela elaboração da noção do sujeito à sua dependência significante.

Objeto "bom" e objeto "mau" foram termos introduzidos por Melanie Klein para designar os primeiros objetos pulsionais, parciais ou totais, tal como aparecem na vida fantasmática da criança. As qualidades de "bom" e "mau" são-lhes atribuídas não apenas em do seu caráter gratificante ou frustrante, mas sobretudo da projeção neles das pulsões libidinais ou destruidoras do indivíduo. Segundo Melanie Klein, o objeto parcial ( o seio, o pênis) é clivado num "bom" e num "mau" objeto, e esta clivagem constitui o primeiro modo de defesa contra a angústia.

O seio é o primeiro objeto assim clivado. Todos os objetos parciais sofrem análoga clivagem ( pênis, feses, filho, etc.). E igualmente os objetos totais , quando a criança é capaz de os apreender. "O bom seio- externo e interno- torna-se o protótipo de todos os objetos benéficos e gratificantes, e o mau seio o de todos os objetos perseguidores externos e internos",
Klein (M), Some Theoretical Conclusions regarding the Emotional Life of the Infant, 1952. In Developments, 200.

O conceito de fantasia inconsciente foi elaborado por Freud e aprimorado por outros analistas, especialmente por Melanie Klein e seus seguidores. As fantasias ocorrem o tempo todo na mente sem percebermos. É por meio da fantasia que reconhecemos e compreendemos o mundo , daí a sua importância para influenciar comportamentos, modificar pensamentos e sentimentos. Em constante transformação , as fantasias se modificam conforme as diferentes situações da vida , respeitando seu período maturacional e surgem das experiências reais e dos desejos do inconsciente.

A função que tende a impedir aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente- consciente é denominado censura, aparece principalmente nos textos freudianos e é considerada por ele como uma função permanente: constitui uma barragem seletiva entre os sistemas inconsciente,por um lado, e pré- consciente- consciente. Como no sonho, o estado do sono impede que os conteúdos do inconsciente abram caminho até o consciente e portanto possam revelar fatos que poderiam desestabilizar o bom funcionamento do cérebro .Como um guardião que delineia a noção do superego, censor do ego, exerce a censura dos sonhos, é dela que partem os recalcamentos de desejos inadmissíveis.

Um sonho, então, é uma psicose, com todos os absurdos, delírios e ilusões de uma psicose. Uma psicose de curta duração, sem dúvida, inofensiva, até mesmo dotada de uma função útil, introduzida o consentimento do indivíduo e concluída por um ato de sua vontade.
(Freud,1940, livro 7, p.47 ed. br.)

O conceito de complexo é um conjunto organizado de representações e recordações de forte valor afetivo, parcialmente ou totalmente inconsciente. Um complexo constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil; pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções , atitudes, comportamentos adaptados. Assim, segundo Freud, o termo "complexo" poderia ser útil numa intenção demonstrativa ou descritiva para por em evidência, a partir de elementos aparentemente distintos e contingentes. O fato é que Freud o utilizará muito pouco, ao contrário de numerosos autores que invocam a psicanálise.

O complexo da castração é centrado no fantasma (fantasia) de castração, que vem trazer uma resposta ao enigma posto à criança pela diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) : esta diferença é atribuída a um corte do pênis da criança do sexo feminino.

A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no rapaz e na menina. O rapaz teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, do que lhe advém uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.

Se penetrarmos profundamente na neurose de uma mulher, não poucas vezes deparamos com o desejo reprimido de possuir um pênis.
(Freud,1917, livro 27, p. 151,ed. br.)

O complexo de Édipo é um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente aos pais. Na forma positiva, o complexo apresentá-se como na história de Édipo-Rei : desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual da personagem de sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se inversamente: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, estas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo.

Segundo Freud , o complexo de Édipo é vivido no seu período máximo entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. Conhece na puberdade uma revivescência e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha do objeto. O complexo de Édipo desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano.

Complexo de inferioridade é uma expressão que tem sua origem na psicologia adleriana; designa, de um modo geral, o conjunto das atitudes, das representações e dos comportamentos que são expressões mais ou menos disfarçadas de um sentimento de inferioridade ou das reações deste.

Conflito psíquico é quando, no indivíduo, se opõem exigências internas contrárias. O conflito pode ser manifesto ( entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se designadamente pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. A psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito entre o desejo e a defesa, conflito edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição.

Elaboração psíquica é uma expressão utilizada por Freud para designar, em diversos contextos, o trabalho realizado pelo aparelho psíquico com o fim de dominar as excitações que chegam até ele e cuja acumulação ameaça ser patogênica. Este trabalho consiste em integrar as excitações no psiquismo e em estabelecer entre elas conexões associativas.

Não pode haver dúvida de que o aparelho psíquico só atingiu sua perfeição atual após longo período de desenvolvimento. (...) A fim de chegar a um dispêndio mais eficaz da força psíquica, é necessário dar um alto à regressão antes que ela se torne completa, de maneira que não avance além da imagem mnemônica e seja capaz de buscar outros caminhos que finalmente a conduzam à desejada identidade perceptiva que está sendo estabelecida a partir do mundo externo.
(Freud,ESB, vs. IV-V, pp. 602-03)

Freud concentrou-se em desvendar o que acreditava estar no centro da personalidade humana, mais precisamente, a psicanálise é alicerçada nas dinâmicas do inconsciente da personalidade que estão profundamente enterradas na psique. Ele acreditava que os impulsos sexuais e agressivos eram a raiz de nosso comportamento, e que a infância é o período crítico durante o qual a personalidade do indivíduo e formada pela interação desses ímpetos com o processo de socialização na família.

A abordagem psicanalítica é um método de terapia que pode reduzir a ansiedade neurótica e o sofrimento ao ajudar as pessoas a melhor compreenderem e lidarem com as poderosas tendências emocionais dentro de si.
Deparamos com algo no próprio ego que é também inconsciente, que se comporta exatamente como o reprimido -isto é, que produz efeitos poderosos sem ele próprio ser consciente e que exige um trabalho especial antes de poder ser tornado consciente.
( Freud,ESB, v. XIX, p. 30)

Freud evidencia os estágios psicossexuais do desenvolvimento ( oral,anal, fálico,latente e genital) pelos quais passamos com mais ou menos sucesso.

O início da infância, até os cinco ou seis anos, é de importância crítica e duradoura na determinação da estrutura e da dinâmica da personalidade; as primeiras três fases oral, anal e especialmente fálica- são as mais significativas e afetam muito o desenvolvimento posterior.

Freud insistiu que os sentimentos e o autoconceito de uma pessoa têm papéis vitais e inegáveis na determinação do comportamento. Terapia centrada no cliente, ou centrada na pessoa, é projetada para permitir que o indivíduo explore sentimentos interiores e faça escolhas de vida baseadas em uma maior autoconsciência.

A alternativa que Freud desenvolveu gradualmente para resolver ou ao menos suavizar problemas psicoanalíticos, é a técnica da associação livre na qual o paciente relaxa e diz aquilo que surge conscientemente. Junto com a análise dos sonhos, são as maiores contribuições de Freud para os métodos da terapia psicanalítica.

No próximo capítulo será melhor delineado alguns conceitos importantes relativos a psicopedagogia e sua aplicabilidade.



Monografia do Professor José Luiz Teixeira da Silva, Psicopedagogo,Supervisor e Administrador Educacional,Especialista em Direito Público.










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