INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo
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INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo


INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 A importância da psicanálise para a formação do psicopedagogo 



INTRODUÇÃO
A educação é um processo que deve ser humanizado, servindo como base para um processo maior, ou seja, colaborar com a internalização do conceito de emancipação, fazendo com que o aprendente rompa paradigmas excludentes da dignidade, da moral e dos saberes que cada indivíduo traz dentro de si, o seu currículo oculto. Assim sendo, as pessoas ditas "problemáticas", com seu desempenho escolar ou social fora dos padrões que parametrizam a normalidade não devem ser rotuladas mas sim orientadas para que possam usufruir dos direitos de todo o cidadão. Respeitando os limites de cada um e agregando suas qualidades numa conduta sócio-interacionista-construtivista. Segundo Maria Cristina Kupfer em seu livro "Freud e a Educação" aquilo que Freud denominou transferência pode ser encontrado num contexto analítico, mas também na relação professor-aluno. É a partir da análise dessa relação que se pode pensar no que faz um aluno aprender. O que faz acreditar no professor, permitindo que um ensino seja eficaz. Pois, superando instituições escolares castradoras, coibitivas, "achatadoras" de individualidades, surgem alunos pensantes, desejosos de saber, capazes mesmo de produzir teorias.
Aprendentes que necessitem de um atendimento especial, seja por distúrbios neurológicos, seja por limitações físicas associadas a traumas que atrapalham seus processos de ensino-aprendizagem bem como sua inserção na sociedade. Precisam de um acompanhamento profissional no qual serão feitos estudos que possam indicar o melhor procedimento a ser executado para cada situação. Podemos citar o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TDO ( Transtorno Desafiador Opositivo), Autismo e outros tantos problemas relacionados com o comportamento humano e a aprendizagem.
Logo é muito importante estabelecer parâmetros entre o ser humano, o ser psicológico e o ser social. Que para ser respeitado tem que se submeter aos rígidos padrões de uma sociedade "perfeita" caso contrário, esse ser com dificuldades em se relacionar, é apartado da sociedade e condenado a solidão. Como Educadores e Psicopedagogos têm uma difícil missão a qual é quebrar esse paradigma e reintegrar essa parte da população. Mas para isso é necessário um estudo mais especializado , usando o saber elaborado em diversos segmentos tais como: filosofia, psicanálise, psicologia, sociologia, antropologia e outras tantas disciplinas que buscam o saber eclético sobre o ser humano.
O ser humano é único e como tal deve ser estudado caso a caso, o psicopedagogo dentro de suas competências deverá encaminhar o aprendente ao profissional mais indicado ao caso do problema por ele identificado. Pode ser um psicólogo , um psiquiatra, fonoaudiólogo etc. O psicopedagogo atua preventivamente, agindo como mediador entre o aprendente, o ensinante , a família do aprendente e a instituição em que atua.
Na perspectiva de melhoria contínua para a formação do psicopedagogo, utilizando os conhecimentos mais pertinentes da psicanálise para a rotina escolar ou da instituição em que trabalha. Focadas no comportamento humano, no ensino-aprendizagem e nas dificuldades de relacionamento, é que foi o fator estimulador para a elaboração deste trabalho.

CAPÍTULO I
I.1- HISTÓRICO DA PSICANÁLISE

Sigmund Freud, pelo poder de sua obra, pela amplitude e audácia de suas especulações, revolucionou o pensamento, as vidas e a imaginação de uma era ... Seria difícil encontrar na história das ideias, mesmo na história da religião, alguém cuja influência fosse tão imediata, tão vasta e tão profunda.
(Wollheim, 1971,p.IX)


Psicanálise é uma ciência do inconsciente , fundada por Sigmund Freud que nasceu no dia 6 de maio de 1856, em Freiberg, pequena cidade da Morávia, que , na época, pertencia à Áustria. Seus pais eram judeus, e foi com essa identidade cultural que Freud costumou se reconhecer ao longo dos seus 83 anos de vida. Quando tinha 4 anos, sua família mudou-se para Viena, onde Freud viveu quase todo o resto de sua vida. Em 1873, Freud, ingressa na Universidade de Viena para estudar medicina . Em 1876 desenvolve trabalhos em neurologia e fisiologia, forma-se em 1881.

A teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte mais essencial dela e todavia nada mais é senão a formulação teórica de um fenômeno que pode ser observado quantas vezes se desejar se empreende a análise de um neorótico sem recorrer à hipnose. Em tais casos encontra-se uma resistência que se opõe ao trabalho de análise e, a fim de frustrá-lo, alega falha de memória. O uso da hipnose ocultava essa resistência; por conseguinte, a história da psicanálise propriamente dita só começa com a nova técnica que dispensa a hipnose.
(Freud, ESB, v. XIV, p.26)

Freud em seus apontamentos destaca a importância das fases do desenvolvimento das quais ele fez as seguintes observações:

Fase de nascimento=> Narcisismo e autoerotismo primário;

Em relação à escolha de objeto nas crianças de tenra idade ( e nas crianças em crescimento ) o que primeiro notamos foi que elas derivam seus objetos sexuais de suas experiências de satisfação. As primeiras satisfações sexuais autoeróticas são experimentadas em relação com funções vitais que servem à finalidade de autopreservação. As pulsões sexuais estão, de início, ligadas à satisfação das pulsões do ego; somente depois é que elas se tornam independentes destas, e mesmo então encontramos uma indicação dessa vinculação original no fato de que os primeiros objetos sexuais de uma criança são as pessoas que se preocupam com sua alimentação, cuidados e proteção : no primeiro caso, sua mãe ou quem quer que a substitua.
(Freud, ESB, v.XIV, p.104)

Fase oral (Pré- genital)=> De 6 à 12 meses- Seio, conforme as modalidades de incorporação do objeto (sugar) ou morder (refutar). A pulsão básica do bebê é apenas receber alimento para saciar sua fome e sede como também ser confortada. Predomina os lábios e a língua , pouco mais tarde os dentes.

O importante a assinalar aqui é o fato de que a fase oral, tal como já foi salientado acima a respeito a noção de fase, não se caracteriza apenas pelo predomínio de uma zona de corpo, mas também por um modo de relação de objeto : a incorporação.

Karl Abraham propôs, em 1924, que se subdividisse essa fase em duas: a fase oral precoce, caracterizada pela função de sucção, e a fase oral-sádica, caracterizada, com o aparecimento dos dentes.
(Roza,1998,p.104)

Fase anal (Pré-genital) de 18 à 36 meses=> Todo objeto é assimilado à este objeto fecal que pode ser expulso ou retido com prazer ou dor. Expulsão e separação do objeto torna-se o fundamento da existência, a objetivação do objeto em relação ao corpo.

Essa fase está impregnada de valor simbólico, sobretudo ligado às fezes. Tal é o caso da significação de que se reveste a atividade de dar e receber ligada à expulsão e retenção das fezes. Foi o próprio Freud quem, no artigo "As transformações do instinto exemplificadas no erotismo anal (1917) " , salientou a equivalência simbólica entre as fezes e o dinheiro.
(Roza, 1998, p.105)

Fase fálica => De 3 à 5 anos- identificação do eu e as primeiras relações objetais ( comparação com os pais), complexo de Édipo e formação do ego, sexualização do corpo, conflito, inveja do pênis (na menina) e medo de perdê-lo (no menino)= angústia da castração, o ego despreende-se dos instintos (Id) e das repressões instintivas que obedecia ( superego);

Corresponde à organização da libido que vem depois das fases oral e anal, na qual já há um predomínio dos órgãos genitais. Essa fase apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. O que a distingue fundamentalmente da fase genital madura é que nela a criança reconhece apenas um órgão genital.
(Roza, 1998, p.105)

A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade normal.
(Freud,1933, livro 29, p.31 na ed. bras.)

Fase de latência=> De 5 à 8 anos- organização do aparelho psíquico ( Id,,Ego e Superego), o sistema inconsciente se organiza por repressão, o Ego tem a função de defesa e adaptação à realidade, e sintetizando o pensamento social, lógico e moral que afasta o princípio do prazer ;

Fase da Pré-puberdade=> De 9 à 12 anos- Retorno das tendências infantis reprimidas (pulsões genitais) , reativação da escolha objetal (identificação sexual), escolha do objeto libidinal ;

Fase da Puberdade=> De 12 à 14 anos- Escolha objetal definitiva, busca do amor do outro, hesitações ou regressões da escolha (angústia sexual, revive a situação edipiana, época de agressividade, dos conflitos, crise da escolaridade e disciplina, primeiras aventuras amorosas, formação definitiva do caráter, processo de separação (individuação).

Fase da adolescência=> Período entre a infância e a idade adulta, caracteriza-se por intenso crescimento e desenvolvimento que se manifestam por marcantes transformações anatômicas , é nesta fase que os adolescentes começam a tomar ciência de suas identidades sexuais buscando satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.
Para Freud a maior parte do funcionamento mental se passa fora da consciência, e que a consciência é antes uma qualidade ou atributo excepcional do que comum funcionamento mental.

Em 1885 Freud, viaja a Paris para iniciar um estágio com Chacot. Este terá papel fundamental na formação do jovem Sigmund.

Em 1886, Freud volta a Viena, onde se estabelece como médico e dirige o Departamento de Neurologia, primeiro instituto público para crianças. No período de 1886 à 1890 exerce medicina como especialista em doenças nervosas.

"Uma pessoa sadia é um neurótico, só que os únicos sintomas que ela consegue produzir são os seus sonhos. Assim, os sonhos não são apenas a via privilegiada de acesso ao inconsciente, eles são também o ponto de articulação entre o normal e o patológico."
(Sigmund Freud,ESB, vs.XV-XVI, p.532)

Freud,em 1892, elabora o método das associações livres ( técnica usada pela psicanálise no qual o paciente deve esforçar-se a dizer tudo que lhe vier a cabeça, principalmente aquilo que ele se sinta tentado a omitir).
A psicanálise sugere que é possível, porém difícil, chegar a um acordo com as repetidas exigências do id.

" O propósito da psicanálise é revelar os complexos reprimidos por causa de desprazer e que produzem sinais de resistência ante as tentativas de levá-las à consciência"
(Freud,1906, livro 31,pp.62-63 na ed. bras.)


Aos 82 anos, foi morar em Londres onde morreu, a 23 de setembro de 1939. A psicanálise consiste num método de investigação, essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de uma pessoa. Basea-se principalmente nas associações livres do indivíduo que garantem a validade da interpretação.


I.2- DEFINIÇÕES: TECENDO COMENTÁRIOS

Como foi dito anteriormente, psicanálise é um método para investigação de processos mentais ,quase inacessíveis, de modo a fazer tratamento de desordens neurológicas que outras ciências eram incapazes de solucionar.

A grande originalidade de Freud -escreve ele - não foi descobrir a sexualidade sob a neurose. A sexualidade estava lá, Charcot já falara dela. Sua originalidade foi tomar isto ao pé da letra e edificar a partir daí a Traumdeutung, que é algo diferente da etiologia sexual das neuroses (...) o forte da psicanálise é ter desembocado em algo totalmente diferente que é a lógica do inconsciente.
(Foucault, 1979,pp. 261-262)

Chamamos Psicanálise ao trabalho pelo qual levamos à consciência do doente o psíquico recalcado nele. Da mesma maneira quanto as manifestações psíquicas consideradas não patológicas, que ele só imperfeitamente estava consciente das motivações delas, que outros motivos pulsionais que para ele permaneceram desconhecidos tinham contribuído para as produzir. Podemos dizer também que Psicanálise é um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento. A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento, e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, abordando os diversos vieses da psicanálise.

A Psicanálise é uma disciplina científica instituída por Sigmund Freud há cerca de oitenta e seis anos atrás, as teorias psicanalistas se referem tanto ao normal quanto ao anormal, ainda que se tenham derivado essencialmente do estudo e do tratamento da anormalidade. De acordo com a teoria psicanalítica, os processos mentais inconscientes são de grande frequência e significado no funcionamento normal como no anormal.

O inconsciente está sempre vazio; ou, mais exatamente, ele é tão estranho às imagens quanto o estômago aos alimentos que o atravessam. Órgão de uma função específica, ele se limita a impor leis estruturais, que esgotam sua realidade, a elementos inarticulados que provêm de outra parte: pulsões, emoções, representações, recordações.
(op.cit., pp.234-235)

Freud relaciona a teoria evolutiva da sexualidade com o desenvolvimento das relações do objeto. Enfatiza a importância dos relacionamentos iniciais da criança que buscam o equilíbrio homeostático (prazer, frio, fome etc.) e não percebem o mundo externo , apenas os estados de tensão e relaxação. As relações são do tipo primitiva e se iniciam neste momento, quando percebe que as sensações ruins persistem na ausência do objeto.


A teoria do trauma psíquico vai ter profunda repercussão sobre os escritos iniciais de Freud e , paradoxalmente , vai se constituir no impedimento maior à elaboração da teoria psicanalítica. Enquanto persistir a teoria do trauma, a sexualidade infantil e o Édipo não poderão fazer sua entrada em cena, posto que nela os sintomas neuróticos permanecem dependentes de um acontecimento traumático real que os produziu e não das fantasias edipianas da criança.
(cf. Mannoni, 1976, pp. 35-36)

Pelo determinismo psíquico, é que na mente, assim como na natureza física que nos cerca, nada acontece por acaso ou de modo fortuito portanto não existe descontinuidade na vida mental.

Por meio da técnica psicanalista, Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos, quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para a pessoa que sonha, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica. O sonho é uma forma de satisfazer desejos que não foram ou não podem ser realizados durante o dia. Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos , e assim estabelecer, como regra geral, que , quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para a pessoa que sonha, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica.

Em determinadas circunstâncias, um sonho só é capaz de levar a efeito a sua intenção de modo muito incompleto, ou, então, tem de abandoná-la por inteiro. A fixação inconsciente a um trauma parece estar acima de tudo, entre esses obstáculos à função de sonhar. (Freud,1933,livro 28,p.43 na ed. bras.)

O inconsciente contém todas as ideias e afetos reprimidos e está relacionado com os instintos.

O inconsciente está sempre vazio; ou, mais exatamente, ele é tão estranho às imagens quanto o estômago aos alimentos que o atravessam. Órgão de uma função específica, ele se limita a impor leis estruturais, que esgotam sua realidade, a elementos inarticulados que provêm de outra parte: pulsões, emoções, representações, recordações.
(op.cit., pp.234-235)

O pré-consciente é uma ponte de acesso à consciência dos elementos do inconsciente, uma das funções e manter a censura dos desejos.

Já o consciente e a consciência de estímulos perceptuais do mundo externo, apenas elementos do pré-consciente podem penetrá-lo.

Ego possui a tarefa de autopreservação, consciência dos estímulos,armazena experiências (memória),evita estímulos fortes (fuga) , traumáticos, lida com estímulos moderados (adaptação). Controla as exigências do instinto , adiando sua satisfação para condições mais favoráveis.

São estas as principais características do ego : em consequência da conexão pré-estabelecida entre a percepção sensorial e a ação muscular, o ego tem sob seu comando o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de autopreservação. Com referência aos acontecimentos externos desempenha essa missão dando-se conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre elas (na memória), evitando estímulos excessivamente internos (mediante a fuga) , lidando com estímulos moderados ( através da adaptação) e, finalmente, aprendendo a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio benefício ( através da atividade). Com referência aos acontecimentos internos, em relação ao id, ele desempenha essa missão obtendo controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprimindo inteiramente as suas excitações. É dirigido, em sua atividade, pela consideração das tensões produzidas pelos estímulos; despejam estas tensões nele presentes ou são nele introduzidas. A elevação dessas tensões é , em geral, sentida como desprazer e o seu abaixamento como prazer... O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer.
(Freud,1940, livro 7, pp. 18-19 , ed. bras.)

Id é desorganizado, sob o domínio de processos primários, energias instintivas. Opera de acordo com o princípio de realidade, ou seja, os instintos primários.

O id contém tudo que é herdado, que se acha presente no nascimento, que está presente na constituição- acima de tudo, portanto, os instintos que se originam da organização somática e que aqui ( no id) encontram uma primeira expressão psíquica, sob formas que não são desconhecidas.
(Freud,1940, livro 7, pp. 17-18 , ed. bras.)


O superego está relacionado com o comportamento moral, forma-se com a dissolução do complexo de Édipo agindo como repressor dos instintos.

O superego se desenvolve não a partir do id, mas a partir do ego. Atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do ego. É o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos construtos que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do superego : consciência, autorealização e formação de ideias. Enquanto consciência, o superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente; mas também age inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas, aparecendo como compulsões ou proibições. "Aquele que sofre (de compulsões e proibições) comporta-se como se estivesse dominado por um sentimento de culpa, do qual, entretanto, nada sabe"
(Freud,1907, livro 31, p. 17 na ed. bras.)

Jacques Lacan foi seguidor que mais contribuiu e deu continuidade as obras de Sigmund Freud, Lacan (1901-1980) nasceu na França em Orleans. Formou-se em medicina, atuando como neurologista e psiquiatra e se considerava um psicanalista Freudiano. Lacan nasceu numa família na qual a religião católica tinha um grande valor íntimo. Lacan perdeu a fé no final dos anos 20.

Para Lacan, a psicanálise é uma prática, onde através do método da livre associação chegaremos ao núcleo do seu ser. É historicamente definida pela elaboração da noção do sujeito à sua dependência significante.

Objeto "bom" e objeto "mau" foram termos introduzidos por Melanie Klein para designar os primeiros objetos pulsionais, parciais ou totais, tal como aparecem na vida fantasmática da criança. As qualidades de "bom" e "mau" são-lhes atribuídas não apenas em do seu caráter gratificante ou frustrante, mas sobretudo da projeção neles das pulsões libidinais ou destruidoras do indivíduo. Segundo Melanie Klein, o objeto parcial ( o seio, o pênis) é clivado num "bom" e num "mau" objeto, e esta clivagem constitui o primeiro modo de defesa contra a angústia.

O seio é o primeiro objeto assim clivado. Todos os objetos parciais sofrem análoga clivagem ( pênis, feses, filho, etc.). E igualmente os objetos totais , quando a criança é capaz de os apreender. "O bom seio- externo e interno- torna-se o protótipo de todos os objetos benéficos e gratificantes, e o mau seio o de todos os objetos perseguidores externos e internos",
Klein (M), Some Theoretical Conclusions regarding the Emotional Life of the Infant, 1952. In Developments, 200.

O conceito de fantasia inconsciente foi elaborado por Freud e aprimorado por outros analistas, especialmente por Melanie Klein e seus seguidores. As fantasias ocorrem o tempo todo na mente sem percebermos. É por meio da fantasia que reconhecemos e compreendemos o mundo , daí a sua importância para influenciar comportamentos, modificar pensamentos e sentimentos. Em constante transformação , as fantasias se modificam conforme as diferentes situações da vida , respeitando seu período maturacional e surgem das experiências reais e dos desejos do inconsciente.

A função que tende a impedir aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente- consciente é denominado censura, aparece principalmente nos textos freudianos e é considerada por ele como uma função permanente: constitui uma barragem seletiva entre os sistemas inconsciente,por um lado, e pré- consciente- consciente. Como no sonho, o estado do sono impede que os conteúdos do inconsciente abram caminho até o consciente e portanto possam revelar fatos que poderiam desestabilizar o bom funcionamento do cérebro .Como um guardião que delineia a noção do superego, censor do ego, exerce a censura dos sonhos, é dela que partem os recalcamentos de desejos inadmissíveis.

Um sonho, então, é uma psicose, com todos os absurdos, delírios e ilusões de uma psicose. Uma psicose de curta duração, sem dúvida, inofensiva, até mesmo dotada de uma função útil, introduzida o consentimento do indivíduo e concluída por um ato de sua vontade.
(Freud,1940, livro 7, p.47 ed. br.)

O conceito de complexo é um conjunto organizado de representações e recordações de forte valor afetivo, parcialmente ou totalmente inconsciente. Um complexo constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil; pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções , atitudes, comportamentos adaptados. Assim, segundo Freud, o termo "complexo" poderia ser útil numa intenção demonstrativa ou descritiva para por em evidência, a partir de elementos aparentemente distintos e contingentes. O fato é que Freud o utilizará muito pouco, ao contrário de numerosos autores que invocam a psicanálise.

O complexo da castração é centrado no fantasma (fantasia) de castração, que vem trazer uma resposta ao enigma posto à criança pela diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) : esta diferença é atribuída a um corte do pênis da criança do sexo feminino.

A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no rapaz e na menina. O rapaz teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, do que lhe advém uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.

Se penetrarmos profundamente na neurose de uma mulher, não poucas vezes deparamos com o desejo reprimido de possuir um pênis.
(Freud,1917, livro 27, p. 151,ed. br.)

O complexo de Édipo é um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente aos pais. Na forma positiva, o complexo apresentá-se como na história de Édipo-Rei : desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual da personagem de sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se inversamente: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, estas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo.

Segundo Freud , o complexo de Édipo é vivido no seu período máximo entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. Conhece na puberdade uma revivescência e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha do objeto. O complexo de Édipo desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano.

Complexo de inferioridade é uma expressão que tem sua origem na psicologia adleriana; designa, de um modo geral, o conjunto das atitudes, das representações e dos comportamentos que são expressões mais ou menos disfarçadas de um sentimento de inferioridade ou das reações deste.

Conflito psíquico é quando, no indivíduo, se opõem exigências internas contrárias. O conflito pode ser manifesto ( entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se designadamente pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. A psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito entre o desejo e a defesa, conflito edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição.

Elaboração psíquica é uma expressão utilizada por Freud para designar, em diversos contextos, o trabalho realizado pelo aparelho psíquico com o fim de dominar as excitações que chegam até ele e cuja acumulação ameaça ser patogênica. Este trabalho consiste em integrar as excitações no psiquismo e em estabelecer entre elas conexões associativas.

Não pode haver dúvida de que o aparelho psíquico só atingiu sua perfeição atual após longo período de desenvolvimento. (...) A fim de chegar a um dispêndio mais eficaz da força psíquica, é necessário dar um alto à regressão antes que ela se torne completa, de maneira que não avance além da imagem mnemônica e seja capaz de buscar outros caminhos que finalmente a conduzam à desejada identidade perceptiva que está sendo estabelecida a partir do mundo externo.
(Freud,ESB, vs. IV-V, pp. 602-03)

Freud concentrou-se em desvendar o que acreditava estar no centro da personalidade humana, mais precisamente, a psicanálise é alicerçada nas dinâmicas do inconsciente da personalidade que estão profundamente enterradas na psique. Ele acreditava que os impulsos sexuais e agressivos eram a raiz de nosso comportamento, e que a infância é o período crítico durante o qual a personalidade do indivíduo e formada pela interação desses ímpetos com o processo de socialização na família.

A abordagem psicanalítica é um método de terapia que pode reduzir a ansiedade neurótica e o sofrimento ao ajudar as pessoas a melhor compreenderem e lidarem com as poderosas tendências emocionais dentro de si.
Deparamos com algo no próprio ego que é também inconsciente, que se comporta exatamente como o reprimido -isto é, que produz efeitos poderosos sem ele próprio ser consciente e que exige um trabalho especial antes de poder ser tornado consciente.
( Freud,ESB, v. XIX, p. 30)

Freud evidencia os estágios psicossexuais do desenvolvimento ( oral,anal, fálico,latente e genital) pelos quais passamos com mais ou menos sucesso.

O início da infância, até os cinco ou seis anos, é de importância crítica e duradoura na determinação da estrutura e da dinâmica da personalidade; as primeiras três fases oral, anal e especialmente fálica- são as mais significativas e afetam muito o desenvolvimento posterior.

Freud insistiu que os sentimentos e o autoconceito de uma pessoa têm papéis vitais e inegáveis na determinação do comportamento. Terapia centrada no cliente, ou centrada na pessoa, é projetada para permitir que o indivíduo explore sentimentos interiores e faça escolhas de vida baseadas em uma maior autoconsciência.

A alternativa que Freud desenvolveu gradualmente para resolver ou ao menos suavizar problemas psicoanalíticos, é a técnica da associação livre na qual o paciente relaxa e diz aquilo que surge conscientemente. Junto com a análise dos sonhos, são as maiores contribuições de Freud para os métodos da terapia psicanalítica.

No próximo capítulo será melhor delineado alguns conceitos importantes relativos a psicopedagogia e sua aplicabilidade.

Escrito por José Luiz Teixeira da Silva
Professor/Pedagogo/Especialista do comportamento dos alunos/Supervisor e Administrador Escolar,Empresarial e Doutorando em Educação.



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