Cunha reafirma que não renuncia e garante nunca ter intimidado deputados
Aprendizado

Cunha reafirma que não renuncia e garante nunca ter intimidado deputados


Cunha reafirma que não renuncia e garante nunca ter intimidado deputados

Por iG São Paulo  - Atualizada às 
COMPARTILHE
Tamanho do texto

Ao Conselho de Ética, deputado afastado pelo Supremo nega ter contas não declaradas no exterior e acusa parlamentares de usarem material da imprensa para tentar cassar seu mandato

Deputado afastado afirmou não ter investimentos ou patrimônios em seu nome no exterior
Ricardo Botelho/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Deputado afastado afirmou não ter investimentos ou patrimônios em seu nome no exterior
Visivelmente contrariado com os questionamentos dos colegas, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reafirmou, em depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, nesta quinta-feira (19), que não irá renunciar ao seu mandato na Casa – e garantiu que, ao contrário do que afirma o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nunca intimidou deputados para ser favorecido.
A declaração foi feita após o deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS) apontar uma série de acusações contra Cunha, que, no conselho, tem seu mandato ameaçado especificamente por ter alegado na extinta CPI da Petrobras que não possuía contas no exterior – fato que é confrontado por documentos revelados no segundo semestre de 2015 após investigações do Ministério Público suíço.
Na reunião desta quinta-feira, Marchezan criticou o afastamento de Cunha por parte do Supremo Tribunal Federal, ocorrido no início do mês, classificando-o como ação de "regime de exceção", por colocar a Justiça para interferir no Legislativo, mas acusou o peemedebista de fazer "mal a esta casa, mal ao Brasil".
"Vai chegar o momento em que o STF vai entender por sua prisão. Pelo bem de todos, renuncie", discursou Marchezan após afirmar que o parlamentar tem usado manobras para postergar ou mesmo impedir sua cassação. Marcado por seguidas manobras da Mesa Diretora, então presidida por Cunha, como a retirada de relator e a contestação do presidente do grupo, o processo contra o deputado se arrasta desde novembro. 
"Vossa excelência fez um comentário baseado em matérias jornalísticas, fofocas e coisas dessa natureza. Eu não tenho nada. Nem vossa excelência nem qualquer parlamentar devem se sentir constrangidos de qualquer coisa", rebateu Cunha. 
"É legítimo meu direito de esclarecimento e de defesa. Agora, me atribuir fatos que não são verdadeiros é um constrangimento. Da minha boca não veio nenhuma declaração de ameaçar qualquer um que seja. Quando eu precisar falar algo eu o farei sem precisar do palco do Conselho de Ética. Posso declarar publicamente como quiser. Não estou aqui para disputar defeito [...] Trato a todos com respeito e consideração, e gostaria de ser respeitado."
Eduardo Cunha exibe passaportes durante depoimento a deputados do Conselho de Ética
Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados - 19.05.16
Eduardo Cunha exibe passaportes durante depoimento a deputados do Conselho de Ética
Contas no exterior e troca de relator 
Ao longo de todo o depoimento, Cunha rechaçou qualquer possibilidade de ter mentido à Câmara sobre ter contas no exterior – alegou que os contratos de truste (modalidade econômica em que empresas se unem sem perder a autonomia) dos quais é beneficiário não estão em seu nome e que ele não possui controle sobre as contas. 
"Todas as minhas contas estão declaradas no meu Imposto de Renda. (...) Sou beneficiário de uma truste, os investimentos e patrimônios não me pertenciam", enfatizou o deputado. "Se eu possuísse investimentos, certamente eles estariam declarados. Eu sou beneficiário de um truste. O truste é o detentor do patrimônio, dos investimentos, dos resultados dos investimentos e das perdas, inclusive. Eu não possuo investimento não declarado. Os investimentos e o patrimônio não me pertenciam. Não há como haver prova de que eles são do truste."
Os argumentos foram contestados pelo deputado Alessandro Molon (RJ), da Rede Sustentabilidade – partido que, junto ao PSOL, é autor do processo por quebra de decoro parlamentar contra Eduardo Cunha.
"Essa saída jurídica [de alegar que Cunha não é o dono das contas] não foi aceita pelo Ministério Público da Suíça, nem pelo brasileiro, nem pela Justiça da Suíça, nem está enganando o Supremo Tribunal Federal. Será que este conselho será a única instituição do mundo a engolir isso?", questionou Molon.
Não tem um alfinete indicado para esse governo por mim" – Eduardo Cunha
Expressando incômodo em ter que responder a perguntas de deputados que não integram o conselho, Cunha disse que "não se deixaria intimidar" e abusou da tranquilidade e de seu conhecimento empírico e técnico – uma vez que é formado em Economia – ao explicar a operação de trustes na Suíça.
Cunha também refutou às insinuações de que teria indicado aliados para compor a equipe do presidente em exercício, Michel Temer. "Eu não indiquei ninguém. E, se tivesse indicado, estaria dentro da legitimidade porque o meu partido está no poder e eu não estou suspenso de exercer minha militância partidária. Não tem um alfinente indicado para esse governo por Eduardo Cunha", afirmou o peemedebista, que ainda negou ter usado de sua 'tropa de choque' para barrar o processo contra ele. "Esta Casa não tem capacho", disse.
Durante a sua defesa, Cunha também pediu a troca do relator do processo no Conselho de Ética, o deputado Marcos Rogério (DEM-GO), justificando que, assim como ocorreu com Fausto Pinato (PP-SP), derrubado do posto por decisão da Mesa Diretora, ele não poderia ter o cargo por ser membro de um partido que integrou o grupo político que elegeu o peemedebista para a presidência da Câmara. "Obviamente, [a relatoria] será contestada. O relator não pode pertencer ao mesmo bloco", apontou. 
Cunha conversa com seu advogado, Marcelo Nobre, durante depoimento desta quinta-feira
Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados - 19.05.16
Cunha conversa com seu advogado, Marcelo Nobre, durante depoimento desta quinta-feira

Os próximos passos
O depoimento desta quinta-feira durou cerca de sete horas, foi o último das audições do conselho. A partir daí, começa o prazo de dez dias para que o relatório do processo, de Marcos Rogério, seja apresentado.
Cunha compareceu ao depoimento acompanhado de seu advogado, Marcelo Nobre. A expectativa da defesa do peemedebista é que Marcos Rogério entregue o relatório antes mesmo do prazo final previsto, que seria em 2 ou 3 de junho – depende de se a Mesa Diretora da Casa determinará ou não ponto facultativo na próxima sexta-feira (27), que fica em meio ao feriado do Corpus Christi.
Cunha debate com o relator Marcos Rogério (à esquerda) durante depoimento ao conselho
Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados - 19.05.16
Cunha debate com o relator Marcos Rogério (à esquerda) durante depoimento ao conselho
Nobre tem afirmado que vai recorrer à Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Casa, presidida pelo também peemedebista e aliado de Cunha Osmar Serraglio (PR), caso o relator decidir incluir no texto a acusação de vantagens indevidas. Rogério já afirmou que, se novas provas surgirem sobre o pagamento de propina a Cunha em troca da viabilização de contratos e negócios envolvendo estatais brasileiras, como a Petrobras, poderá considerá-los no final da instrução, dando mais tempo para a defesa de Cunha se manifestar.
Após a apresentação do parecer, poderá haver um pedido de vista entre os parlamentares que integram o conselho – o que deverá ocorrer –, abrindo prazo de dois dias úteis para o parecer ir à votação. Com as discussões que deverão ocorrer a respeito do teor do parecer, fontes ligadas ao conselho informaram ao iG que a estimativa é de que a votação ocorrerá por volta do dia 16 de junho.
Cabe lembrar que o conselho não poderá deliberar caso houver algo da ordem do dia em curso no plenário. Quem possui poder sobre isso é o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que é um dos principais aliados de Cunha na Casa.
No último dia 5, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF, determinou o afastamento de Cunha do mandato de deputado federal e da presidência da Câmara. A decisão liminar atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusou Cunha de tentar interferir na condução das investigações. A decisão foi a plenário e acabou aprovada por unanimidade pelos ministros do Supremo, com 11 votos a favor e nenhum contrário.
De pedra a vidraça: A saga de Eduardo Cunha
Cunha pareceu respirar aliviado depois da leitura do pedido de impeachment protocolado na Casa contra a presidente Dilma . Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil - 3.12.15
Eduardo Cunha comemora com seus apoiadores sua eleição à presidência da Câmara dos Deputados -  1º de fevereiro. Foto: Câmara dos Deputados
Em março, logo no início do mandato como presidente da Câmara, Cunha preside sessão de votações com ar confiante. Foto:  Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil - 19.3.15
Em outubro, já rompido com o governo, Cunha tenta manter o controle na Câmara. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil - 21.10.15
12 de março de 2015: Cunha fala na sessão da CPI da Petrobras que não tem conta no exterior. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil -12.3.15
Cunha fala com a imprensa sobre CPI da Petrobras; depoimento dado aos parlamentares desencadeou o inferno astral do parlamentar. Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil - 3.3.15
Com olhar desconfiado, Cunha sai de casa após operação de busca e apreensão em sua residência oficial, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 10.12.15
Em novembro, Cunha é hostilizado e recebe uma chuva de dólares falsos com a sua face estampada. Foto: Lula Marques/Agência PT - 4.11.15
O presidente da Câmara reforça as críticas ao governo a medida que é pressionado pelas investigações da Lava Jato. Foto: José Cruz/Agência Brasil - 19.11.15
Nas brigas, o tom de Cunha foi pesando a medida que o parlamentar sentiu-se acuado. Foto: Lula Marques/ Agência PT
O presidente da Câmara bancou as pautas mais conservadoras na Casa. Foto: Lula Marques/ Agência PT - 10.11.15
Apesar do cargo, Cunha não se importou em manter as aparências nem cultivou uma relação cordial com jornalistas e parlamentares. Foto: Lula Marques/Agência PT
A situação de Cunha ficou ainda mais complicada depois de a PGR pedir que ele seja afastado da presidência da Câmara e do mandato parlamentra. Foto: Lula Marques/Agência PT - 5.11.15
Com o apoio do baixo clero e de parte do PMDB, Cunha tenta se manter no poder. Foto: Lula Marques - 5.11.15
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na sessão em que leu o pedido de impeachment da Dilma: segundo a presidente, o parlamentar fez um achaque ao Planalto. Foto: Agência Brasil
O presidente da Câmara protelou a votação dos itens relacionados ao ajuste fiscal e dificultou a vida do governo. Foto: Lula Marques/Agência PT
Cunha vem defendendo insistentemente o rompimento do PMDB com o governo. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil - 15.12.15
Sessões longas, que entraram pela madrugada, marcaram a gestão de Cunha como presidente da Câmara. Foto: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Como defesa, Cunha diz ser vítima de ataques do Planalto e da PGR. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Sem sucesso, Cunha tentou costurar com os líderes dos partidos na Câmara uma forma de abordar o Supremo no caso do impeachment da presidente Dilma. Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil - 21.12.15
Cunha pareceu respirar aliviado depois da leitura do pedido de impeachment protocolado na Casa contra a presidente Dilma . Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil - 3.12.15


http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-05-19/eduardo-cunha-fala-a-comissao-de-etica-que-definira-eventual-cassacao-de-mandato.html



loading...

- Cunha, Em Queda, Já Fala Em Renúncia E Delação Premiada
Cunha, em queda, já fala em renúncia e delação premiadaPublicado por CdBem: 15/06/2016Em: Brasil, Últimas Notícias2 Comentários  Imprimir EmailNo início da noite passada, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados...

- Prb Manobra Para Salvar Cunha, E Votação Sobre Cassação é Adiada
Ficou para quarta-feira (8) a decisão sobre o futuro do presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A pedido do relator do processo, Marcos Rogério (DEM-RO), no final da sessão de hoje (7), que teve quase cinco horas de...

- Indicação De Líder Do Governo Amplia Chances De Cunha Escapar De Cassação
Indicação de líder do governo amplia chances de Cunha escapar de cassaçãoPor Estadão Conteúdo | 19/05/2016 09:45COMPARTILHETamanho do textoDecisão do presidente em exercício Michel Temer de manter aliados do deputado afastado Eduardo...

- Janot Ironiza Promessa De Cunha De Voltar A Frequentar Câmara Na Próxima Semana
Janot ironiza promessa de Cunha de voltar a frequentar Câmara na próxima semanaPresidente afastado da Casa garantiu que vai estar no seu gabinete a partir de segunda-feiraPresidente afastado da Casa garantiu que vai estar no seu gabinete a partir de...

- Em Depoimento, Fernando Baiano Confirma Pagamento De Propina A Cunha
Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, confirmou o repasse de dinheiro oriundo do esquema de propina na Petrobras ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)....



Aprendizado








.