Nunca cometi ato que possa atrapalhar qualquer investigação, diz Jucá
Nunca cometi ato que possa atrapalhar qualquer investigação, diz Jucá
"Se tivesse telhado de vidro não teria assumido o PMDB" disse o ministro do Planejamento
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postado em 23/05/2016 12:04 / atualizado em 23/05/2016 15:33
Paulo de Tarso Lyra /Correio Braziliense
Em coletiva no Auditório do Ministério do Planejamento, na Esplanada do Ministérios, nesta segunda-feira (23/5), o novo ministro Romero Jucá esclareceu denúncia de que teria um “pacto” para deter as investigações da Operação Lava-Jato, em áudio vazado com o ex-presidente da Traspetro, Sergio Machado. "Nunca cometi nenhum ato que possa dificultar qualquer investigação, nunca tratei com ninguém para tentar interferir na investigação ou no resultado dela", comentou. "Não 'sou' ministro, eu 'estou' ministro e vou exercer esta função enquanto tiver a confiança do presidente Michel Temer", disse.
Segundo Jucá, Machado foi a sua casa e disse que gostaria de ajudar na nova construção do PMDB. A conversa foi sobre assuntos da política, economia e saídas que poderiam acontecer no governo Temer. Jucá ainda acusou o jornal Folha de São Paulo de descontextualizar a conversa vazada. “O diálogo foi extenso, mas o que vemos no jornal Folha de São Paulo são frases soltas dentro de um diálogo”, afirmou. "O pacto não é para paralisar a investigação, não tem esse diálogo nesta conversa. O contexto da conversa o tempo todo é sobre delimitar a culpa dos investigados e evitar a sangria, que é evitar o desemprego e o sofrimento da sociedade brasileira", explicou.
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“Sempre defendi e apoiei a Operação Lava-Jato. Sempre afirmei que considero a Lava-Jato uma mudança de paradigma importante na política brasileira, a política brasileira terá outra história após a Lava-Jato. O MPF tem autonomia para investigar qualquer servidor público que deva explicações à sociedade”. Leia mais notícias em Política
E completou, “não tenho nenhum temor de ser investigado na Lava-jato. Não tenho nada a temer e não devo nada a ninguém, se tivesse telhado de vidro não teria assumido o PMDB num momento de confronto com o PT. Se eu tivesse com medo não teria o meu posicionamento claro e cristalino desde 2012”. “Defendi abertamente a mudança de governo para o presidente Temer, porque o governo do PT estava paralisado pela Operação Lava-Jato, o governo tinha perdido as condições de governar”.
Jucá afirmou que se sente muito confortável no cargo e que não há nenhuma necessidade de deixar o ministério. "Eu reafirmo o meu apoio ao presidente Michel Temer, à Operação Lava-Jato, por acreditar que ela seja uma mudança no paradigma da relação entre políticos , partidos ,empresários e financiamento de campanha".
Jucá ressaltou contudo que o cargo que exerce é de responsabilidade do Presidente da República e que, se este entender que deve exonerá-lo, está livre para isso." Eu não nasci ministro e não vou morrer ministro do Planejamento". O ministro não acredita ainda que a divulgação da conversa possa atrapalhar a votação da alterção da meta fiscal, prevista para acontecer nesta terça-feira (24/5), no Congresso Nacional.
Antes da entrevista, Jucá esteve com o presidente em exercício Michel Temer para, segundo ele, revisar alguns números para o projeto que será encaminhado ao presidente do senado, Renan Calheiros, na tarde desta segunda-feira. "Eu não acredito que esta conversa, que não foi publicada em sua íntegra e tem trechos com vários contextos, possa atrapalhar o governo e o processo de recuperação da confiança do país. "
Jucá afirmou ainda que quando fala em "sangria" no diálogo com Machado, não estava se referindo aos desdobramentos da Lava-Jato e sim da crise econômica que afeta o país. Ele chegou a ser irônico quando questionado se a queda na bolsa de valores na manhã desta segunda, não poderia ser um sinal do mercado de falta de confiança do governo Temer. "Você que está dizendo isso, eu posso pensar que a bolsa esta caindo porque a imprensa quer me derrubar. Se eu permanecer tenho certeza que a bolsa voltará a subir, pelo diálogo que mantenho com os agentes econômicos."
Jucá ainda afirmou, em relação ao trecho da conversa no qual teria dito a Machado sobre a necessidade de conversar com ministros do Supremo sobre a Lava-Jato, que se tratava de uma sugestão de que os processos envolvendo os políticos tivessem maior selenidade. "Eu seria uma espécie de f'ast track' para que processos contra políticos não demorem 5, 10, 15 anos para serem julgados".
Jucá também não acredita que seu possível desgaste possa favorecer a presidente afastada Dilma sobre o processo de impeachment no Senado. " A Lava-Jato paralisava o governo Dilma pois tinha membros do governo e do partido condenados e investigados. Ela cometeu crimes de responsabilidade fiscal, financeira e a sangria da economia é responsabilidade dela. Respeitarei a decisão do Senado se eles mudarem de opinião, mas até lá eles verão a diferença entre o governo Dilma e o governo Temer. "
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