Tendências verificadas em estudo inédito servem de referência à sociedade; Sudeste ainda forma 70% dos doutores, mas descentralização avança
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Tendências verificadas em estudo inédito servem de referência à sociedade; Sudeste ainda forma 70% dos doutores, mas descentralização avança


Doutores no Brasil
Tendências verificadas em estudo inédito servem de referência à sociedade;
Sudeste ainda forma 70% dos doutores, mas descentralização avança
 




Um estudo inédito lançado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) revela que o número de doutores no Brasil praticamente triplicou em 12 anos, com a dispersão desses especialistas pelas diferentes regiões do país e com o aumento significativo da participação de mulheres e afrodescendentes no total geral. Os resultados estão reunidos na publicação “Doutores 2010: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira”, de 507 páginas, lançada oficialmente durante a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em Brasília, no mês de maio.

Dados
O número de doutores titulados entre 1996 e 2008 cresceu 278%, o que corresponde a uma taxa média de 12% de crescimento ao ano, muito acima da registrada em outras nações. “Os resultados indicam diversificação e o começo de uma nova realidade, com menor concentração regional”, afirma o economista Eduardo Viotti, coordenador-geral do estudo e consultor do CGEE.

A pesquisa recebeu cooperação de instituições de todo o país, em especial do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Citado pelo presidente da República durante audiência no Conselho Nacional da Juventude, em agosto passado, o trabalho vem ajudando pesquisadores, instituições e a sociedade a compreender as características dessa parcela da população, permitindo visualizar o panorama e as tendências da pós-graduação no país.

“Esse estudo permite subsidiar políticas públicas para formação de recursos humanos com alta qualificação”, afirma a assessora do CGEE Sofia Daher, coordenadora da equipe técnica do Centro durante o estudo.

Aumento de mulheres
As mulheres brasileiras passaram a ser maioria entre os doutores titulados no Brasil a partir do ano de 2004, com 51% do total, porcentagem que vem se mantendo. O Brasil é pioneiro entre os países que conseguiram alcançar esse marco histórico da igualdade de gênero no nível mais elevado da formação educacional.

Apesar de ainda buscarem formação em áreas específicas tradicionalmente femininas, em 1996, as mulheres eram apenas 43% dos doutores titulados no Brasil. Somente as mulheres italianas alcançam o mesmo destaque, com a mesma porcentagem. Nos Estados Unidos, a fatia é de 47,7% e, na França, 41,7%. As alemãs detêm 39% dos títulos, enquanto na Suíça ficam com 36,9% e, no Japão, 24,9%.

“Identificamos uma importante equidade de gênero na formação de mestres e doutores no Brasil, com tendência crescente de feminização desses titulados”, afirma a pesquisadora da Unicamp Rosana Baeninger, consultora do estudo.

De acordo com Rosana, outro fenômeno de relevância social refere-se à interiorização da população de mestres e doutores no país. “Apesar da concentração no Sudeste da formação pós-graduada, a mobilidade espacial deste contingente populacional tem se direcionado também para áreas interioranas, indicando possibilidades de diminuição das desigualdades sociais”, diz.

Dez mil doutores a cada ano
O número de doutores tem crescido de forma acelerada no Brasil, em grande parte motivada pela demanda de quadros para atender às necessidades da própria pós-graduação, assim como do crescimento do sistema universitário em geral. O crescimento de mil por cento no número de doutores titulados anualmente entre 1987 e 2008 evidencia esse fato, o que reduz a diferença entre o Brasil e outros países.

Os cursos de doutorado das instituições públicas federais continuam representando mais da metade dos cursos existentes. Ainda é o governo federal quem mais investe na formação de doutores no Brasil. Todavia, em um fenômeno relativamente recente, tem crescido o investimento das instituições particulares na formação de doutores. Em 1998, essas instituições detinham 7,8% dos programas de doutorado. Em 2008, esse percentual era de 11,1%.

No Brasil, em 2008, foram titulados mais de 10 mil doutores em todos os programas de doutorado, públicos ou privados. O número total de doutores existentes no país no ano de 2008 era de 132 mil. Ainda assim, a proporção de doutores na população total é de apenas 1,4 por 1000 habitantes. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 8,4 doutores por 1.000 habitantes e a Alemanha, 15,4.

A concessão de bolsas e fomentos à pesquisa também cresceu no período. O CNPq aumentou o investimento de R$ 534 milhões, em 1996, para R$ 1,2 bilhão, em 2008, enquanto a Capes passou de R$ 426 milhões para R$ 865 milhões.

A inclusão da população afrodescendente na formação de mestres e doutores permitiu que o número de mestres e doutores afrodescendentes saltasse de 5 mil, em 1998, para mais de 16 mil, em 2007. Os mestres e doutores pardos, que eram 25 mil em 1998, alcançaram um total superior a 70 mil em 2007.

Ainda há muito espaço para crescimento. De acordo com estimativas baseadas nas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), os brasileiros de cor parda representavam 42,3% da população brasileira no ano de 2007, mas sua proporção na população de portadores de títulos de mestrado ou de doutorado era de apenas 11,8%.

Formação e emprego dos doutores espalhados pelo país
Apesar da grande liderança na formação de doutores na Região Sudeste, entre 1996 e 2008, houve uma perda de 19 pontos percentuais na participação relativa da região em formação de doutores, enquanto que a perda de participação relativa do estado de São Paulo chegou a 22 pontos percentuais. Evidencia-se, ainda, uma tendência de dispersão dos doutores titulados mais recentemente no território nacional, já que os doutores titulados em 1996 estavam trabalhando, no ano de 2008, na Região Sudeste. Porém, dos titulados em 2006, apenas 4% trabalhavam na região no mesmo ano.

Educação lidera empregos
Mais da metade dos doutores é jovem, com menos de 45 anos de idade. Um pouco mais de um terço dos doutores ocupa a faixa etária que vai de 45 a 54 anos de idade. Embora as mulheres detenham a cada ano 51% dos títulos, a quantidade de homens no mercado de trabalho ainda é superior, com 52,7% contra 47,3% entre as mulheres doutoras.

A educação lidera com folga na contratação de doutores, seguida pela administração pública. Em 2008, aproximadamente nove em cada dez doutores estavam empregados em estabelecimentos cuja atividade econômica principal era a educação e a administração pública. Esses se distribuíam na proporção de oito doutores em educação para cada doutor na administração pública.

No entanto, de acordo com Eduardo Viotti, a participação do setor industrial na contratação dos doutores cresce ano a ano. “O setor industrial manufatureiro, por exemplo, empregava no Brasil em 1996 menos de 1% do total de doutores titulados. Em 2006, o número superou 2% do total”, afirma Viotti. Na indústria de transformação, por exemplo, o número absoluto de doutores empregados no setor cresceu 495% no período de 1996 a 2006.

Mais tempo, mais salário
A renda mensal aferida em dezembro de 2008 entre os doutores titulados de 1996 a 2006 era de R$ 7.900,80. Quanto maior o tempo de titulação, maior o salário. Com dez anos de titulação, a renda passa de R$ 9.000, já os recém-titulados ganham, em média, R$ 6.800.

Existe diferença salarial entre as diferentes áreas de conhecimento. Segundo o estudo, o contracheque é maior na área de Ciências Sociais Aplicadas, com média de R$ 10.000 mensais no fim de 2008, enquanto Linguística, Letras e Artes ficam com R$ 6.930.

Imigrantes mais escolarizados
Apesar de os estrangeiros representarem apenas 0,4% dos residentes no Brasil no ano de 2000, neste mesmo ano os estrangeiros eram 5% dos indivíduos que cursaram ao menos um ano de mestrado ou doutorado. O número indica que o nível educacional dos estrangeiros no Brasil é bem superior ao da média dos brasileiros. Cerca de 60% dos 43 mil estrangeiros que entraram no Brasil no ano de 2009 tinha curso superior e ou de mestrado ou doutorado.

Metodologia
O estudo do CGEE apresenta análises dos principais resultados encontrados em diferentes pesquisas realizadas no Brasil. “Foi necessária a aquisição de bancos de dados, o cruzamento de informações e a articulação com importantes instituições do país”, afirma Sofia Daher, do CGEE.

O estudo é essencialmente um relatório estatístico, que divulga dados em grande parte inéditos. A originalidade dele se desdobra em diferentes aspectos. Primeiro, o conjunto dos estudos que gera e divulga informações nunca antes produzidas sobre a população de mestres e doutores brasileiros. Também é original em seu esforço de utilizar e desenvolver uma metodologia de utilização de registros administrativos e pesquisas.

Parte da metodologia utilizada foi testada em um exercício similar realizado pelo CGEE anteriormente, intitulado “Demografia da Base Técnico-Científica I”. Por intermédio desta metodologia, tornou-se possível dispensar a realização de pesquisas de campo, que seriam dispendiosas e envolveriam dificuldades comuns em pesquisas amostrais.

É original, ainda, por ter desenvolvido as bases de um núcleo de articulação interinstitucional e de capacitação técnica que poderá gerar novos trabalhos com essas características.


http://www.cgee.org.br/noticias/viewBoletim.php?in_news=779&boletim



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