As diferenças eleitorais entre São Paulo, Rio e Minas explicarão o resultado da disputa presidencial no domingo. Os três maiores colégios eleitorais do país se manifestam de forma diferente. Em São Paulo, Aécio Neves (PSDB) está 21 pontos à frente de Dilma Rousseff (PT). O tucano alcança 55% das intenções de voto contra 34% da petista. Em Minas, os dois candidatos estão em empate técnico: 45% para Dilma e 44% para Aécio. No Rio, Dilma chega a 52% contra 33% de Aécio. A petista está 19 pontos à frente do tucano.
As curvas dos votos em cada estado também são diferentes. Em São Paulo, Aécio oscilou dois pontos para cima, Dilma oscilou um ponto para baixo. Em Minas, os dois oscilaram um ponto para cima. No Rio, Dilma cresceu nove pontos em uma semana (foi de 43% para 52%), e Aécio perdeu seis pontos (indo de 41% para 35%).
Os números são do Datafolha mais recente, sempre considerados os votos totais. Nacionalmente, Dilma tem 48% dos votos contra 42% de Aécio. Parte do crescimento de Dilma tem origem na mudança do eleitorado fluminense em favor da petista.
Aécio não tinha candidato na eleição estadual do Rio. Dilma tinha quatro. No segundo turno, os dois candidatos (Luiz Fernando Pezão, do PMDB, e Marcelo Crivella, do PRB) fizeram campanha com Dilma, que fazia carreata com um de manhã e com outro à tarde.
No início da campanha, um grupo dissidente de parlamentares do PMDB chegou a criar um movimento batizado de Aezão, que pregaria o voto em Aécio e em Pezão. A iniciativa fracassou, com suas principais lideranças recolhendo-se ao silêncio nos dias finais de campanha. Aécio ainda tentou se alavancar com o apoio do senador eleito pelo Rio, Romário (PSB), que alcançou mais de 4,7 milhões de votos. A primeira conversa entre Aécio e Romário aconteceu há duas semanas. Antigas desavenças entre Romário e Ronaldo, centroavante campeão do mundo e amigo do tucano, atrapalharam e atrasaram a declaração de apoio do senador eleito. Esta demora pode ter custado votos capazes de definir a eleição presidencial.
O Rio tem como característica altos índices de abstenção, o que pode também ser um fator de desequilíbrio, nesse caso em prejuízo a Dilma por ser a mais votada no Estado.
Claro que a liderança nacional de Dilma até aqui se explica por sua forte presença no Nordeste e no Norte, além de ter conseguido crescer em todos os estratos sociais.
O tucano continua liderando com folga nas classes mais altas de onde extrai a maior parte de seus votos, mas sua vantagem vem caindo pouco a pouco. Na primeira pesquisa realizada após o primeiro turno, Aécio alcançava 74% entre os integrantes da classe alta e 67% entre os da média alta. Hoje, essas taxas correspondem a 64% e 58%, respectivamente.
De acordo com o Datafolha, há duas semanas, o melhor desempenho do tucano entre os mais pobres do que o de Dilma entre os mais ricos garantia vantagem numérica a Aécio. Isso porque ambos extraíam do segmento intermediário o mesmo número de pontos. Mas a situação mudou. A perda de Aécio na classe média, inclusive no setor mais rico do estrato, coloca-o em desvantagem. A maioria da classe média alta reside nos três principais Estados do Sudeste.
Mineiro por nascimento, carioca por adoção, Aécio foi constantemente criticado por ter governado Minas da janela do seu apartamento em Ipanema, dada sua presença frequente na cidade. Agora pode perder a eleição por ter frequentado o Rio menos do que devia.