Um país dividido rumo às urnas: candidatos chegam ao confronto final pela Presidência
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Um país dividido rumo às urnas: candidatos chegam ao confronto final pela Presidência


Um país dividido rumo às urnas: candidatos chegam ao confronto final pela PresidênciaDilma Rousseff e Aécio Neves chegam ao 2° turno praticamente empatados, na disputa mais acirrada desde 1989. Vencedor será conhecido depois das 20h

Paulo de Tarso Lyra - Correio Braziliense
Publicação: 26/10/2014 05:42 Atualização: 26/10/2014 05:45


Depois da mais acirrada disputa presidencial da história recente da democracia brasileira, chega hoje ao fim o suspense de quem será a principal autoridade do país a partir de 1º de janeiro de 2015. Quase 143 milhões de eleitores vão às urnas para decidir, em segundo turno, o vencedor entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), em um embate que dividiu o país e trouxe o debate político para a mesa do bar, para os almoços de família e, especialmente, para as redes sociais.

Nos quatro levantamentos divulgados ontem, por Datafolha, Ibope, MDA e Sensus, o quadro é o mesmo: candidatos empatados na reta final — os três primeiros indicam Aécio em curva ascendente. Por conta do horário de verão, que coloca o Acre com três horas a menos que os demais estados brasileiros, o suspense sobre o resultado começará a ser equacionado apenas depois das 20h, mesmo horário em que será divulgada a pesquisa boca de urna dos principais institutos de pesquisa nacionais. Como as eleições brasileiras têm um ritmo de apuração acelerado, é provável que, quando os resultados começarem a aparecer, a eleição esteja praticamente decidida, o que aumentará a tensão de militantes, partidários e eleitores ao longo de todo o dia.

O ingrediente de tensão marca uma eleição carimbada como atípica desde o início. Um mês antes da campanha oficial autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil sediou a Copa do Mundo, vencida pela Alemanha — os alemães deram um show de bola ao sapecar 7 x 1 na Seleção brasileira, durante partida da semifinal, disputada no Mineirão. Também foi uma eleição com a sombra das manifestações de rua de junho de 2013, que levaram milhares de jovens das principais cidades do país a exigir mudanças na forma de administração e na qualidade dos serviços públicos. Um grito de mudança que foi incorporado no slogan de todas as candidaturas, inclusive no bordão da presidente Dilma , candidata à reeleição — “governo novo, ideias novas”.

A disputa eleitoral deste ano também foi marcada pela morte de Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência, em um acidente aéreo em 13 de agosto. A tragédia alterou o cenário, confundindo estrategistas e marqueteiros. Marina Silva substituiu Campos, disparou nas pesquisas, chegando a abrir 10 pontos percentuais sobre Dilma em um hipotético segundo turno.

Aécio retomou o fôlego e conseguiu passar Marina a dois dias das eleições, credenciando-se para disputar o segundo turno contra Dilma Rousseff. Os próprios petistas afirmam que tiveram, nas últimas três semanas, que travar o embate de modelos de gestão entre tucanos e petistas, partidos que monopolizaram as disputas presidenciais nas últimas duas décadas.

Foi um segundo turno repleto de ataques e denúncias de corrupção. Nesse período, começaram a vazar os depoimentos do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, ambos réus na operação Lava-Jato. Ao Ministério Público, ambos confirmaram um esquema de pagamento de propina e superfaturamento de obras da principal estatal brasileira para financiar campanhas do PT, PMDB e PP. As denúncias incendiaram o segundo turno das eleições, com desdobramentos até hoje (veja mais na página 3).

Novas pesquisas
No último dia de campanha eleitoral, diversas pesquisas acirraram ainda mais a disputa entre Dilma e Aécio. O primeiro levantamento divulgado, feito pela CNT/MDA, trouxe o tucano com 50,3% contra 49,7% da petista – situação de empate técnico. No fim da tarde, Datafolha e Ibope também indicaram que a apuração será voto a voto. Nos dois, a presidente Dilma Rousseff aparece à frente de Aécio Neves. A diferença é que, no Datafolha, volta a existir um empate técnico — embora no limite da margem de erro —, enquanto, no Ibope, a presidente lidera além da margem de erro de dois pontos percentuais. No Sensus, Aécio surge à frente com 52,1% a 47,9% de Dilma.

O resultado do Datafolha trouxe Dilma Rousseff com 47% de intenções de voto contra 43% de Aécio Neves. No levantamento anterior, divulgado em 23 de outubro, a petista tinha 48% dos votos válidos contra 42% do tucano. Brancos e nulos somam 5%, e indecisos representam os mesmos 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ao se levar em conta os votos válidos — descartando brancos e nulos — Dilma surge com 52% dos votos e Aécio com 48%.

No Ibope, a presidente aparece com 49% das intenções de voto e Aécio com 43%. Brancos e nulos somam 5%, e indecisos, 3%. Ao se adotar o critério do TSE, que leva em conta apenas os votos válidos, Dilma tem 53% dos votos válidos e Aécio, 47%. Cada ponto percentual representa 1,2 milhão de votos.

Despedida em casa

Na véspera da eleição presidencial, tanto Aécio Neves quanto Dilma Rousseff foram para as respectivas terras políticas natais para o último contato com os eleitores. Aécio foi a São João del Rei. Visitou o túmulo do seu avô Tancredo Neves. Eleito em 1985, pelo colégio eleitoral do Congresso, Tancredo morreu sem conseguir subir a rampa do Planalto. O candidato tucano disse que chega “vivo” à reta final da campanha.

A entrevista de Aécio foi dada na mesma casa em que Tancredo morou. Ele estava acompanhado da mulher, da mãe e dos bebês Júlia e Bernardo. O tucano voltou a reclamar de ter sido vítima de uma campanha sórdida por parte dos petistas. Queixou-se, especificamente, da mudança de comportamento do ex-presidente Lula, que sempre teve uma boa relação com o candidato do PSDB e, nas últimas semanas, classificou Aécio como “filhinho de papai”, depois de chamá-lo de amigo no primeiro turno.

“Isso é desespero. Quando eles viram que havia pela primeira vez, em 12 anos, a possibilidade concreta de perder, se desesperaram”, disse Aécio. O candidato também acrescentou que o pior momento da campanha foi a morte de Eduardo Campos. “Era óbvio que eu transferiria para mim a imagem daquela tragédia. Demorei a me recuperar e tive que ser muito firme para conseguir demonstrar a mesma disposição.” No fim, Aécio comemorou o fim da corrida eleitoral. “Termino este combate de forma honrada, acreditando que a política deve ser feita com honradez. Já me sinto vitorioso pela caminhada correta, mostrando um Brasil generoso e ético.”

Dilma Rousseff fechou a campanha em caminhada no centro de Porto Alegre, acompanhada do candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Apesar de o ato político ter sido ao meio-dia, milhares de pessoas esperavam a presidente desde cedo, com bandeiras e uma bateria de escola de samba. Bastante rouca, rescaldo do debate contra Aécio Neves na noite de sexta-feira, Dilma, além de criticar a revista Veja (leia mais na página ao lado), convocou os eleitores para irem às urnas hoje. “Faço esse apelo, especialmente às pessoas mais simples: compareçam para votar. Na frente da urna, vocês têm o mesmo poder que as pessoas mais ricas”, disse a presidente.



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