Depois de ex-executivos da Andrade Gutierrez afirmarem, em delação premiada feita em março, que o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral cobrou pagamento de 5% do valor total do contrato de reforma do Maracanã, agora foi a vez de a Odebrecht, parceira da Andrade no projeto, fazer declaração idêntica nas negociações para sua delação premiada. Aos procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal que tocam a Operação Lava Jato, representantes da empreiteira disseram que Cabral cobrava uma “contribuição” de 5% do valor total dos contratos para obras. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (22).
Em maio, ÉPOCA revelou com exclusividade que as delações premiadas de dois ex-dirigentes do grupo Andrade Gutierrez contavam como Cabral exigiu propina das empresas do consórcio responsável pela reforma do Maracanã para a Copa do Mundo. A obra, orçada inicialmente em R$ 720 milhões, custou, ao final, pouco mais de R$ 1,2 bilhão. Os depoimentos foram prestados no final de março por Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo, ex-presidentes de empresas do grupo Andrade Gutierrez.
>>Cabral exigiu 5% de propina nas obras do Maracanã, dizem delatores
Em seus depoimentos, os ex-executivos afirmaram também que, além dos 5% destinados a Sérgio Cabral, houve o pagamento de 1% do valor total da reforma do Maracanã ao Tribunal de Contas do Estado, responsável pela fiscalização dos contratos.
Por meio de nota, o ex-governador Sérgio Cabral negou ter recebido propina. Diz que manteve apenas “relações institucionais” com a Odebrecht e nunca interferiu em licitações de obras em seu governo. “Cabral manifesta a sua indignação e o seu repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude”, informou a assessoria. Procurado por ÉPOCA, o Tribunal de Contas do Estado ainda não se manifestou sobre o teor das declarações dos ex-executivos.