O ex-presidente Lula criticou, ainda, o projeto do governo que limita gastos com Saúde e Educação. Não é possível melhora nessas áreas “se não houver dinheiro”, disse
Por Redação – de Brasília e São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou a gestão do presidente de facto, Michel Temer. Lula o acusou, na noite passada, de coordenar uma onda de privatizações no país. O líder petista falou, publicamente, em um evento de campanha pela reeleição de Fernando Haddad (PT-SP), na capital paulistana.
Segundo Lula, Temer prepara amplo programa de venda das empresas públicas, bancos e ativos públicos como petróleo, território e água. Em regime de urgência.
— Se preparem porque logo, logo vem um pacote para se desfazer do Banco do Brasil, da Caixa, para vender a Petrobras, para vender a BR (Distribuidora). Porque quem não sabe governar, só sabe terceirizar — disse.
Ação privatista
Lula chamou os eleitores paulistanos a votar em Haddad como forma de enfrentamento ao golpe de Estado, em curso.
— Temos consciência de que ter o prefeito de São Paulo pode ser uma forma de enfrentamento dessa política de desmonte. Essa que se pretende fazer no país — afirmou Lula, em evento da campanha de Haddad. O prefeito da capital paulista reuniu intelectuais, como o ex-ministro Luís Carlos Bresser Pereira e o escritor Radaun Nassar.
O ex-presidente criticou, ainda, o projeto do governo que limita gastos com Saúde e Educação. Não é possível melhora nessas áreas “se não houver dinheiro”, disse.
Ex-governador do Estado do Rio, o atual secretário da gestão Temer e um dos principais articuladores da cassação da presidenta Dilma Rousseff, Moreira Franco está no comando da onda de privatizações denunciada por Lula: o Programa de Parcerias de Investimento (PPI). Moreira declara, e mídia conservadora aplaude, que seu objetivo é despachar ativos públicos.
Os aeroportos que passarão à gestão privada, nas contas de Moreira, devem significar cerca de R$ 15 bilhões em curto prazo. Recursos que, diz o secretário de Temer, “vão ajudar a melhorar o resultado das contas do governo”. Este ano, segundo cálculos do Banco Central, há um déficit de R$ 170,5 bilhões. Para 2017, o descompasso nas dívidas federais chega a R$ 139 bilhões.
Até a água
O argumento de que há uma crise econômica serve até para a negociação de ativos gigantescos, a exemplo do pré-sal e do aquífero Guaraní. O governo de Michel Temer tem negociado com os principais conglomerados transnacionais do setor, adiantou fonte ao Correio do Brasil. Entre eles, as negociações com a Nestlé e a Coca-Cola, seguem “a passos largos”, revelou.
— Representantes destas companhias têm realizado encontros reservados com autoridades do atual governo, no sentido de formular procedimentos necessários à exploração pelas empresas privadas de mananciais, principalmente no Aquífero Guarani, em contratos de concessão para mais de 100 anos — acrescentou.
Enquanto a discussão sobre os planos privatistas em relação à maior fonte de água doce do Hemisfério Sul seguem encobertas por um manto de discrição, a venda de ativos da Petrobras ganham as manchetes. Temer reuniu-se, na véspera, com o presidente da Shell, Ben Van Beurden. Apertou a mão do executivo que reitera o interesse em manter e ampliar suas propriedades, no Brasil. Em especial as parcerias com a Petrobras.
Segundo Van Beruden, há um “clima propício aos investimentos no Brasil”. Ele acredita que haja segurança e estabilidade de regras do marco regulatório e das leis.
No Palácio do Planalto, Beurden reafirmou que o Brasil está entre os principais focos de investimentos da Shell. O país é, atualmente, o endereço de 15% de tudo o que é investido pela multinacional, no mundo. Em contrapartida, as reservas brasileiras são responsáveis por mais de 15% do que a Shell produz.
— Temos planos para um futuro juntos. Viemos aqui para falar sobre a confiança que temos no país e sobre alguns pontos que podem ser aperfeiçoados — disse Beurden.
Após reuniões no Ministério de Minas e Energia e com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, Temer encerrou a visita do executivo. Beuden, no entanto, recusou-se a tecer comentários sobre a cena política brasileira.
— O importante, em relação aos últimos acontecimentos políticos, é criar no Brasil um clima propício aos investimentos, com segurança e estabilidade das regras do marco regulatório e das leis — disse.
Los mexicanos
Mal concluiu a conversa com a holandesa Shell e a Petrobras já se volta a um novo ‘freguês”. A companhia brasileira anunciou, nesta manhã, a prorrogação — por mais 30 dias — das negociações com a mexicana Alpek. O negócio engloba a venda de ações na Companhia Petroquímica de Pernambuco (Suape) e na Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe).
Segundo a nota da estatal brasileira, distribuída na noite passada, a transação com a companhia mexicana ainda é incipiente. “Está sujeita à negociação de seus termos e condições finais”, disse a Petrobras, em nota pública. Falta a “deliberação pelos órgãos da Petrobras e da Alpek, bem como à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica”.
A vendas das duas participações foi aprovada pela diretoria executiva da Petrobras no dia 28 de julho. A presidenta Dilma já havia sido afastada quando foi dada exclusividade para a Alpek para as negociações de compra. O prazo era de 60, agora prorrogado por mais 30 dias.
Trata-se de mais um passo no plano de desinvestimentos da estatal brasileira. Ao todo, serão vendidos ativos no valor de US$ 19,5 bilhões, conforme o novo Plano de Negócios e Gestão da Petrobras 2017-2021. O argumento é que os recursos servirão para “reduzir o seu endividamento e gerar caixa” para a empresa.
A Alpek é uma empresa mexicana de capital aberto e que atua no setor petroquímico, onde ocupa uma posição de liderança na produção de polímeros e filamentos de poliéster. Trata-se da matéria-prima para a produção de filamentos e tipos de fios para diferentes usos na indústria.
http://www.correiodobrasil.com.br/lula-temer-vai-vender-petrobras-br-distribuidora-e-banco-do-brasil/?ref=yfp