LAOGAI: O SISTEMA PRISIONAL ESCRAVISTA DA CHINA
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LAOGAI: O SISTEMA PRISIONAL ESCRAVISTA DA CHINA


LAOGAI: O SISTEMA PRISIONAL ESCRAVISTA DA CHINA



As prisões da China possuem dois nomes. Um referente à prisão em si e outro referente à empresa que funciona nela. Hoje em dia existem cerca de mil, totalizando de 3 a 5 milhões de detentos (ou quase 7 milhões de acordo com outras fontes). Estas prisões produzem produtos para construção, indústria, alimentos, químicos, brinquedos, vestuário, e são conhecidas coletivamente como Laogai, uma abreviação de Láodòng Gǎizào (勞動改造/劳动改造) que significa "reforma através do trabalho", o slogan do sistema de justiça criminal chinês. Muitos desses produtos são exportados e chegam aqui no Brasil, na indústria e nas nossas casas, sem nos importarmos com a sua origem.

Na série "Slavery: A 21st Century Evil", produzida pela TV Al Jazeera, o episódio "Prison Slaves" fala sobre este sistema com ajuda do Harry Wu, que foi preso em 1960 por ser um contrarrevolucionário que criticava a União Soviética, então aliada da China. Harry Wu passou 19 anos preso, trabalhando forçadamente no Laogai e fundou a Laogai Research Foundation, dedicando sua vida para chamar atenção aos abusos do governo chinês contra os direitos humanos.



Além de dissidentes políticos, também são presos muitos dissidentes religiosos no Laogai. Cristãos na China só podem praticar sua religião em igrejas registradas pelo estado. No entanto, muitos se recusam e praticam em igrejas não licenciadas e acabam sendo mandados para o Laogai.



No documentário, é entrevistada Abighail, uma jovem residente em Los Angeles, E.U.A. e ex-detenta do Laojiao ("Reeducação através do trabalho"). O Laojiao é um sistema parecido com o Laogai, também com trabalho forçado, mas para pessoas que cometeram delitos mais leves.

Abighail foi detida, sem nunca ter ido a julgamento, acusada de "perturbar a ordem e a segurança da sociedade", pois disseram que ela "estava espalhando sua crença", e por isso foi sentenciada a três anos de prisão e trabalho forçado. Enquanto estava a caminho da prisão, o policial disse que ela estava indo lá para aprender que a crença em Jesus era errada.

Abighail trabalhou na Shenyang, um campo de trabalho para mulheres que produzia artigos têxteis e produtos elétricos. O seu nome comercial era Shenyang Wanzhong Sanwei Service Company e possuía mil presas.

Em janeiro de 2007, alguns meses após ter cumprido sua pena, Abighail fugiu para os Estados Unidos, deixando sua família para trás.

Ironicamente, Abighail trabalhava produzindo pequenas lâmpadas para decorações natalinas, um item típico das festas cristãs.

Ela disse que as tarefas dadas eram muito difíceis de serem completadas em um dia. Eles acordavam às 7 da manhã e tinha gente que não conseguia terminar até meia-noite. Os que não completavam eram punidos. Ela também reclamou das condições de trabalho, dizendo que era muito frio na fábrica e não haviam aquecedores.


Outro dissidente religioso foi Charles Lee, preso por praticar a Falun Gong, uma mistura de exercícios de meditação e filosofia moral. Em 1999, a China começou a perseguir os seguidores da Falun Gong e prendeu 100.000 deles.

Em 2003, Charles Lee saiu da sua casa nos Estados Unidos para apoiar seus colegas na China. Acabou sendo preso e passou 3 anos na Laogai.

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Passaram 1 ano tentando fazer lavagem cerebral, tentando forçar ele desistir de praticar o Falun Gong. Então eles mudaram e estratégia para fazê-lo sentir-se um criminoso. Charles trabalhou na prisão de Nanjing, a 170km de Xangai. Assim como todas as instituições penais da China, esta prisão também era um negócio. Seu nome comercial era Xinsheng Knit Sweater Factory, possuía 2600 presos e produzia calçados.

Um dos produtos feitos por Charles Lee eram pantufas com o formato do personagem Homer Simpson. Assim que ele saiu da prisão, em 2006, ele retornou para sua casa nos Estados Unidos e encontrou numa loja local as mesmas pantufas que produzia forçadamente em Nanjing.


Na etiqueta da pantufa aparece o nome da empresa SGFootwear, localizada em New Jersey, E.U.A.. De acordo com o site da empresa, ela possui licença para produzir e vender produtos com as marcas da Warner, Disney, Marvel, Fox e outras.

Perguntada pela reportagem da Al Jazeera, a 20th Century Fox diz que as fábricas da SG Footwear são monitoradas para obedecerem as leis de trabalho da China. Além disso, dizem que nunca utilizou conscientemente trabalho involuntário na criação de nenhum de seus produtos. A SGFootwear não comentou o assunto.


Oficialmente, a China baniu as exportações de todos os produtos feitos em prisões, mas a reportagem da Al Jazeera investigou e descobriu que isto continua acontecendo, com suporte do governo.


Dez anos atrás, Hari Wu se voluntarizou a ajudar um interno do Laogai. Ele era um dos gerentes (não era um preso) da maior produtora de botas de borracha na China (uma das prisões do Laogai) e disse que estava disposto a revelar tudo o que acontecia na prisão.

Com garantias do US State Department, Huang Peng fez sua parte e falou tudo. No entanto, o seu visto  como refugiado político da China acabou sendo negado. Assim, a Russia (onde ele estava temporariamente) acabou mandando-o de volta para a China.

Hari Wu não teve mais notícias do seu amigo. Ele acredita que Huang está preso na mesma prisão que ele trabalhava e tentou expor.

A TV Al Jazeera, que produziu este documentário e costuma publicar conteúdo revelando os podres da China, foi expulsa pelo governo chinês em maio deste ano: as credenciais de imprensa dos correspondentes dessa TV não foram renovadas.

Abaixo segue o vídeo completo deste episódio da série:


Felizmente, este assunto já está sendo debatido e divulgado por organizações como a Slavery Footprint. Vale à pena visitar o site http://slaveryfootprint.org/

Referências:
http://www.aljazeera.com/news/asia-pacific/2012/05/201257195136608563.html
http://www.nytimes.com/2012/05/08/world/asia/china-expels-al-jazeera-english-language-channel.html?_r=1



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