Educação contextualizada para crianças e adolescentes |
Cidadania |
Aprender sobre as árvores, os frutos e os rios da Amazônia em um passeio escolar. Conhecer mais as tribos, línguas e costumes indígenas. Saber quantos quilombos existem no Pará e como tudo começou. Estudar ao lado da casa que fica na zona rural, sem ter que caminhar ou viajar quilômetros até a escola. Essa nova maneira de ensinar é chamada de educação contextualizada, uma adaptação dos conteúdos escolares ao espaço geográfico, à cultura, à identidade e à especificidade em que vivem crianças e adolescentes. Ela objetiva preparar os alunos para vida, para que conheçam, com riqueza de detalhes, o contexto em que nasceram ou vivem. Para o professor do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador do programa Educamazônia, Salomão Hage, a educação contextualizada pode ser trabalhada na Amazônia a partir “da heterogeneidade dos ambientes, ecossistemas, práticas produtivas, aspectos sócio-culturais e também da complexidade, a convivência, a existência de conflitos e as diferenças”. O método de contextualizar o ensino para o ambiente em que o aluno vive surgiu em 1996, com a reforma do ensino médio a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). A aplicação do novo modelo está definida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que são guias de orientação para a escola e os professores. A idéia de contextualização requer a intervenção do estudante em todo o processo de aprendizagem, fazendo as conexões entre os conhecimentos. De acordo com informações do Ministério da Educação (MEC), a proposta é que esse aluno não seja um expectador, um acumulador de conhecimentos, mas um agente transformador de si mesmo e do mundo. Segundo a pedagoga do programa Educamazônia, Cíntia Damasceno, a educação contextualizada ainda precisa ultrapassar obstáculos para se efetivar completamente nos currículos de todas as escolas, principalmente as públicas. “Nós observamos que a formação dos professores ainda é deficiente, as escolas muitas vezes não têm estrutura, formando turmas multiseriadas, que dificultam o aprendizado”, ressalta. O QUE DIZ A LEI? Novas propostas de calendário, série e currículo podem ser revistas e readaptadas para o ensino. “O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório”, é o que diz o artigo 57 da lei de número lei 8.069, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Nas salas de aulas, os professores devem respeitar “os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura”, revela o artigo 58. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394/96 define que 11 princípios nos qual o ensino deve ter base. Entre eles está “a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” regional (Art. 03). No artigo 26 da LDB, é determinado que o ensino fundamental e médio deve ter uma base curricular nacional comum a todas as regiões. Entretanto, essa base incluirá em cada região, uma complementação com as “características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”. ENCAMINHAMENTOS: 1) No município em que você mora há experiências de educação contextualizada? 2) Onde e como elas são aplicadas? 3) Os professores são treinados para ensinar os alunos de acordo com o contexto em que vivem? Mais informações Para conhecer mais sobre a educação contextualizada, acesse o portal do Ministério da Educação, na área de “Educação do campo e a diversidade étnico e racial”. Lá, você vai encontrar informações sobre educação quilombola, indígena e do campo: http://portal.mec.gov.br/ COM QUEM FALAR SOBRE ISSO? Para saber sobre a educação contextualizada no seu município, você pode procurar a secretaria municipal de educação e questionar se há iniciativas na área. Você pode também entrar em contato com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) da Secretaria do Estado de Educação (SEDUC). Os telefones para informações sobre os programas de educação contextualizada realizados pelo estado do Pará são (91) 3211 5107/ 5116/ 5161. Entreviste, ainda, professores e pedagogos para conhecer o que eles pensam sobre o tema e como ele está sendo desenvolvido no município. Uma boa fonte é o Programa Educamazônia, iniciativa de instituições governamentais e da sociedade civil que tentam ampliar a discussão sobre a educação no campo e a necessidade de políticas públicas voltadas para essa temática. Contato: (91) 3264- 0829 ou http://www.educampoparaense.org/ DICA Passe um dia em uma escola do seu município que trabalhe com educação contextualizada. Aproveite para entrevistar os alunos da escola. Veja o que eles pensam sobre os conteúdos que são relacionados à vida deles e como isso tem contribuído para o aprendizado. http://www.unama.br/ |