Cunha usava programa que autodestrói mensagens para falar com executivo da Andrade Gutierrez
Cunha usava programa que autodestrói mensagens para falar com executivo da Andrade Gutierrez
Informação consta de perícia realizada no celular do ex-presidente da Andrade Gutierrez
Agência O Globo
Antonio Cruz/Agência Brasil
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O deputado Eduardo Cunha e o então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, eram usuários do aplicativo para comunicação por celular Wickr, que autodestrói mensagens enviadas entre usuários.
A informação consta de pelo menos uma das mensagens no aplicativo Whatsapp trocadas entre os dois e registrada em documentos de relatório de perícia produzido pela Polícia Federal a partir da análise do celular do executivo.
Em 30 de julho de 2014, Cunha escreveu a Azevedo:
“Estou na CNI. O meu Wicrk está com problemas. Ligo em torno das 13:30’. abs Não consegui falar com Mercadante”.
Em seguida os dois trocam diálogo onde tentam marcar um encontro em Brasília, para o dia seguinte.
“Tenho que te falar”, diz Cunha.
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“Falo com certeza”.
“Você vai embora que hrs e pra onde?”, retruca o deputado.
“Vou para o Rio à noite”, diz o executivo.
Em seu site oficial, o Wickr é apresentado como um programa que protege textos, áudios, fotos e vídeos trocados entre usuários com mais privacidade e uso de várias camadas de criptografia. As informações trocadas são destruídas em prazo definido pelo usuário.
Não é possível saber se a PF conseguiu ter acesso às mensagens trocadas pela dupla por meio do aplicativo.
Cunha e Azevedo também usavam um aparelho da empresa Blackberry, considerado mais seguro de interceptações do que os aparelhos comuns.
“Me convide para o BBM!”, escreveu Otávio Azevedo a Cunha em 12 de dezembro de 2012, mencionado o aplicativo de mensagens da Blackberry.
“Qual?”, pergunta Cunha quatro minutos depois.
“Pin:2BA0E028”, responde o executivo.
O relatório da PF aponta que Azevedo tinha intimidade com Cunha. Eles trocaram dezenas de mensagens entre 2011 e 2014, em que acertam mudanças “em segredo” de textos legislativos, encontros e até pagamentos em contas do PMDB e de empresa do deputado fluminense, mesmo via Whatsapp.
O jornal O Globo perguntou a Cunha que assuntos o deputado tratava pelo Wickr com o executivo, que não pudessem ser tratados pelos mecanismos de mensagem tradicional.
“O que falava por BBM, mensagem de texto ou qualquer outro aplicativo é o que falaria de público, se necessário, com qualquer pessoa”, respondeu o deputado.
Advogado do executivo da Andrade Gutierrez, Juliano Breda informa que as mensagens de Azevedo “já foram objeto de questionamentos” da PGR. Segundo ele, “sempre que necessário”, o executivo “voltará a colaborar com as investigações no interesse da Justiça”.
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