O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) atravessa uma fase que é um verdadeiro inferno astral. Em curto espaço de tempo sua popularidade despencou. Foi o governador mais desgastado pelas manifestações de rua. Denúncias de tortura e execuções pipocaram em uma das vitrines de seu governo, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). O Partido dos Trabalhadores deixou as duas secretarias em seu governo e vai cuidar da candidatura própria ao Palácio Guanabara do senador Lindbergh Farias.
Mas os problemas não param por aí. Quando parecia que teria o apoio do partido Solidariedade para comemorar, o deputado federal Áureo Lídio (SDD-RJ) deu uma entrevista ao jornal carioca Extra que estragou tudo, virando um escândalo que foi parar no Ministério Público Eleitoral.
Lídio disse que o anúncio de uma UPP para a cidade de Duque de Caxias foi exigência do partido em troca do apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão nas eleições de outubro. E no pacote oferecido pelo PMDB fluminense incluiria também doações da construtora Odebrecht para a campanha do Solidariedade.
O grupo da construtora, além de fazer obras, tem o controle da Supervia, empresa concessionária de trens urbanos que vem sendo muito criticada pelos usuários. Na quarta-feira (22), um descarrilamento paralisou os trens e causou o caos no transporte público, prejudicando 600 mil pessoas.
O procurador regional eleitoral do Rio, Paulo Bérenger, abiu um procedimento investigativo para "detalhar a denúncia" sobre o acordo entre os partidos. A questão é esclarecer se a política de segurança pública virou barganha política e se o governo do Rio estaria exercendo influência sobre uma empreiteira fornecedora do estado para cooptar apoios.
O deputado federal Alessandro Molon (PT) cobrou investigação. Considerou as denúncias graves e que desequilibram a disputa eleitoral. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) também questionou na Assembléia Legislativa.
O Palácio Guanabara negou que a conversa com o Solidariedade tenha tratado de UPPs ou do financiamento pela Odebrecht. Mas o presidente do partido, Paulinho da Força, confirmou a negociação da UPP durante entrevista a uma rádio, negando apenas o acordo para financeiro.
A confusão produziu outra baixa. O deputado estadual Pedro Fernandes (SDD) assumiria a Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. Desistiu. Declarou que esperará os fatos serem esclarecidos.
Quando nada parece dar certo, até acidentes não ajudam. Um caminhão basculante teve sua caçamba levantada indevidamente, batendo e derrubando uma passarela de pedestres sobre a Linha Amarela na terça-feira (28). A estrutura caiu sobre veículos de trafegavam matando quatro pessoas e ferindo cinco. Apesar de ser uma fatalidade, a via é municipal e gerou desgaste ao prefeito Eduardo Paes, correligionário do governador.