O juiz Sérgio Moro, responsável pelaOperação Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba, determinou a prisão e a suspensão dos benefícios da delação premiada do lobista Fernando Moura. Em 3 de fevereiro deste ano, Moura disse durante depoimento que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebia propinas oriundas da hidrelétrica de Furnas. Moro afirma na decisão que o lobista não pagou a multa imposta e que há risco de fuga em função da sentença decretada nesta quarta-feira 18, de 16 anos de prisão.
"Há um risco concreto de que, diante da violação do acordo e pela negativa de benefícios, venha novamente refugiar-se no exterior, já que agora a perspectiva de sofrer sanção penal é muito mais concreta do que anteriormente", afirma o magistrado.
Moura era um lobista ligado ao grupo de José Dirceu e participava das nomeações em estatais. Esta é a primeira vez naOperação Lava Jato que um delator perde os benefícios do acordo.
De acordo com Moura, no final de 2002, quando ainda estavam sendo decididas as composições para as diretorias de estatais no primeiro mandato de Lula, uma reunião foi feita entre integrantes do PT para definir as composições na Petrobras, Caixa Econômica, Correios, Banco do Brasil e nas centrais hidrelétricas de Furnas. No encontro, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares teria afirmado que havia interesse do senador na indicação de um diretor na estatal.
Ao saber que Aécio já teria indicado o ex-diretor Dimas Toledo para Furnas, Dirceu teria dito que o senador não poderia colocar outro apadrinhado na Petrobras. Segundo o delator, o pedido de indicação de Toledo por Aécio em Furnas teria sido feito diretamente ao ex-presidente Lula.
A respeito da suposta divisão de propina, Moura afirmou que Dimas teria dito a ele durante a conversa como funcionaria o esquema. "O Dimas na oportunidade me colocou que da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era igual. Ele falou: ‘Vocês não precisam nem aparecer aqui, vocês vão ficar um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio’”.
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