As últimas testemunhas de defesa de Dilma Rousseff comparecem neste sábado ao Senado, antes da defesa da própria presidente afastada, no julgamento político que caminha para removê-la do cargo definitivamente.
No terceiro dia do julgamento final, depôs o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa. "Não há como falar em ilegalidades", disse, após detalhar que os decretos de crédito suplementar foram emitidos de acordo com a lei.
"A presidente tem grande respeito pelo Congresso", assinalou, ao ser interrogado por senadores a favor do impeachment.
As cinco votações prévias à sentença que deverá ser anunciada entre esta terça e quarta-feira foram favoráveis à condenação de Dilma.
São necessários 54 dos 81 votos possíveis para consumar a queda e pôr fim ao ciclo de quatro governos consecutivos do PT. O governo do presidente interino, Michel Temer, espera obter 60 votos na rodada final.
- Moral e bons costumes -
As sessões anteriores foram marcadas por discussões, desqualificação de testemunhas e insultos, que levaram à suspensão dos trabalhos por, pelo menos, três vezes.
Com mais da metade dos senadores com causas pendentes ou sob investigação, a sombra da corrupção paira o Senado.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT), também na mira da Justiça, abriu a caixa de Pandora no primeiro dia, ao questionar o moral do Senado para julgar a presidente.
Dilma, 68, jogará a última carta na próxima segunda-feira, quando fará pessoalmente sua defesa no Senado.
Em uma sessão cercada de expectativa, Dilma falará na presença de seu padrinho político, o ex-presidente Lula, que irá acompanhar a sessão do julgamento da tribuna, confirmou à AFP o senador do PT Paulo Rocha, juntamente com ministros, ex-ministros e líderes partidários e de movimentos sociais.
Afogada pela recessão - o PIB caiu 3,8% em 2015 e projeta uma contração de 3,1% em 2016 - e com o PT e Lula acusados de corrupção, as chances de Dilma foram diminuindo.
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal indiciou Lula por se beneficiar de desvios de fundos da Petrobras.
Dilma, que militou em uma guerrilha marxista durante a ditadura (1964 - 1985), diz ser vítima de uma farsa que mascara um golpe parlamentar de Temer, que deseja concluir o mandato em 2018.
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