Aprendizado
Sala Ambiente Projeto Político Pedagógico e a Organização do Ensino
Sala Ambiente Projeto Político Pedagógico e a Organização do Ensino
O PPP como instrumento de interação da comunidade e de intervenção na realidade escolar
Nosso esforço neste breve espaço é destacar que o projeto político-pedagógico adquire legitimidade no seio da comunidade escolar ao ser elaborado e implementado no bojo de um planejamento participativo. Dessa forma, o PPP caracteriza-se por sua contínua necessidade de atualizações, mudanças e reflexões que podem gerar novas reorganizações mediante acompanhamento e avaliações permanentes a fim de propiciar a intervenção na realidade escolar.
O PPP constitui-se em um imprescindível instrumento de intervenção na realidade escolar e de comunicação entre os sujeitos que interagem no cotidiano escolar, bem como configura-se como canal de diálogo e de participação dos diversos protagonistas da comunidade externa.
Concebido nesta perspectiva o PPP ganha força como instrumento para o aprendizado dos princípios da autonomia intelectual “e da construção da identidade institucional” no exercício de uma gestão colegiada caracterizada pela tomada de decisão coletiva e pela contínua reflexão em torno das demandas, necessidades, fragilidades e potencialidades apresentadas na realidade escolar.
A esse respeito, sugerimos a leitura da Sala Ambiente Práticas e Espaços de Comunicação na Escola que bem esclarece a importância do direito à informação que “deve ser um princípio a ser perseguido e intensificado nas práticas de gestão escolar”. Também indicamos a leitura do Artigo intitulado Comunicação, Cultura e Gestão Educacional para reflexão em torno da importância da comunicação na democratização da gestão escolar. Destacamos as palavras de José Mário Aleluia (2009) ao afirmar que
A comunidade escolar como um todo possui o direito e o dever de tornar públicas as informações relevantes de interesse coletivo. Neste sentido, para tornar comum, informações, problemas, soluções, projetos, necessitamos intensificar processos de comunicação no ambiente escolar. Por exemplo, o [Projeto Político-Pedagógico – PPP] [link para o texto da sala PPP], como instrumento de participação e de gestão democrática, precisa ser entendido como um documento público, comum a todos que compõem a comunidade escolar, e, para tanto, a sua comunicação é imprescindível nesse processo. Tornar comum tanto a construção do documento quanto a sua operacionalização e avaliação.
Nessa circunstância, destacamos que o PPP é também de responsabilidade compartilhada entre todos os membros da comunidade escolar (professores, coordenadores pedagógicos, diretores, equipe de gestão e de suporte pedagógico, alunos, pais de alunos, servidores técnico-administrativos). A esse respeito destacamos anteriormente o relevante papel do coordenador pedagógico enquanto mobilizador da reflexão, do diálogo e da comunicação no âmbito do planejamento dialógico participativo.
Gadotti (2000) destaca que “o projeto pedagógico da escola está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento de suas próprias contradições. Não existem duas escolas iguais”. Nisto reside a pluralidade de projetos pedagógicos desenvolvidos à luz do marco referencial e a partir de uma efetiva análise da realidade escolar peculiar a cada instituição de ensino.
A democratização da gestão escolar tendo por sustentáculo a participação dos sujeitos escolares na elaboração/implementação do PPP e na atuação dos órgãos colegiados requer, portanto, mudança de mentalidade. Implica a mudança no uso de tempos e espaços escolares, na organização do trabalho pedagógico e nas formas de comunicação e interação. Por isso, vale destacar as palavras de Gadotti (2000) ao afirmar que a “gestão democrática é, portanto, atitude e método. A atitude democrática é necessária, mas não é suficiente, precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho”.
Num cenário marcado por incertezas, dúvidas e muitas indagações a elaboração do PPP e sua implementação supõe rupturas com o presente e projeções intencionais visando à interferência em uma realidade escolar objeto de estudo e de reflexões por seus protagonistas. A dimensão mobilizadora do PPP revela-se no leque de possibilidades de reflexões e múltiplas indagações no macro contexto das políticas educacionais e de seus desdobramentos, mas prioritariamente, no questionamento e na problematização do que é possível fazer, no micro contexto da escola, ainda que diante de um cenário ‘complexo’ e multifacetado. Cenário este que também contempla diversas perspectivas de análises e de ações coletivas e institucionais. É neste reconhecido desafio de lidar com o instituído, com as tensões e contradições do cotidiano escolar que reside o espaço e a relevância do planejamento, enquanto o pensar e agir edificantes de novas práticas pedagógicas.
Nesta perspectiva, partindo-se de uma concepção de planejamento participativo é que o PPP constitui-se em instrumento de intervenção na realidade escolar visando proporcionar a organização do trabalho pedagógico; a utilização dos tempos e espaços escolares; identificar e valorizar aspirações, ideais e anseios; e sobretudo, mesmo no bojo das diretrizes gerais da política educacional e de uma ‘autonomia relativa’ permite dentre tantas limitações que a comunidade escolar possa refletir, definir, construir coletivamente os pilares de sua trajetória histórico-social.
O PPP remete ao estudo da realidade e do cotidiano escolar instigando conquistas coletivas; não apenas se reporta ao cenário das grandes revoluções; como também remete-se ao âmago das pequenas e contínuas mudanças, das legítimas conquistas resultantes da autoria intelectual coletiva dos seus diversos protagonistas capazes de pensar, projetar e desenhar um caminho e de identidade institucional peculiar a cada escola.
Nessa ótica, Veiga (2003) esclarece que tanto a inovação regulatória como a emancipatória provocam mudanças na escola, entretanto, deve-se considerar as diferenças substanciais existente entre elas. As inovações emancipatórias têm sua origem e destino nas necessidades do coletivo escolar, ao contrário as inovações regulatórias decorrem de prescrições, de recomendações externas à escola; por isso tendem a ser burocratizadas, não sendo resultado de processos participativos e partilhados pela comunidade escolar. É justamente a perspectiva emancipatória do PPP que buscamos destacar no enfoque práticas dialógicas e democráticas.
Assim, entendemos que o projeto político-pedagógico é instrumento de comunicação, interação entre a comunidade escolar e extra-escolar configurando-se também valioso instrumento de intervenção na realidade escolar. A esse respeito indicamos o estudo da Sala Ambiente 1 – Realidade Escolar, como essencial para a construção de uma projeto de intervenção. Nessa ótica também concebemos o processo de elaboração, implementação e avaliação do projeto político-pedagógico como objeto privilegiado de contínuas reflexões, estudos sistemáticos e de pesquisas interdisciplinares e multidisciplinares.
http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/coord_ped/sala_3/mod03_2unid_2.html
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