O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o principal alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato e a oposição ficou receosa.
Segundo a Folha de S. Paulo, líderes dos principais partidos adversários do governo federal e do PT reconhecem que a condução coercitiva do ex-presidente e a cobertura da imprensa sobre a nova fase da investigação deixaram uma "brecha" para que o ex-presidente se apresente como vítima.
Como forma de conter essa vitimização de Lula, a oposição decidiu que, a partir da semana que vem, vai focar sua atuação política no impeachment da presidente Dilma Rousseff e na ofensiva contra a sua reeleição, travada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para perguntas sobre Lula, a oposição responderá que é um assunto a ser tratado pela polícia e a Justiça.
A publicação revela ainda que na última sexta-feira (4), quando foi deflagrada a Operação Aletheia contra Lula, os principais nomes da oposição trocaram telefonemas e se reuniram para discutir a melhor forma de reagir à ação.
Os opositores já estavam com dúvidas sobre o modo como a ação sobre Lula seria vista pela população. Tucanos e integrantes do DEM chegaram a admitir, em privado, que a condução coercitiva efetuada contra o ex-presidente abriu espaço para o discurso de que ele é vítima de um golpe.
Lula reforçou a sua imagem de vítima quando disse que havia se sentido como um prisioneiro e emocionou-se ao falar sobre o acontecimento.
A oposição decidiu então que irá é expressar apoio incondicional às instituições e à Justiça, mas não entrar no "jogo" proposto pelo ex-presidente.
Ainda de acordo com a Folha, a oposição deve iniciar na segunda-feira (6) a obstrução dos trabalhos na Câmara como forma de pressionar o impeachment e irá pedir ao TSE que incorpore à ação que investiga ilegalidades na reeleição de Dilma os termos da delação premiada negociada pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo.
"Não vamos comemorar [a ação da PF contra Lula], não vamos tripudiar, vamos aguardar as investigações. E cuidar aqui do que é a política, que é a Dilma. Vamos mostrar que com ela não dá mais", afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Agripino Maia, presidente do DEM, também avaliou que: "A questão do Lula não é um assunto político, é policial. Temos que nos concentrar na homologação da delação de Delcídio. Isso pode trazer forças novas à articulação do impeachment".
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