O problema do politicamente correto
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O problema do politicamente correto


O problema do politicamente correto

10/01/2015 - 19:13:59 - Popularidade: (58)

Há quem defenda que o politicamente correto cria pessoas incapazes de suportar críticas e restringe a liberdade de expressão outras que ser politicamente correto é a única forma de criar uma sociedade digna.

Antes de mais nada, o que é o politicamente correto?
Politicamente correto é uma regra de linguagem que procura evitar tornar neutra e isenta de preconceitos a comunicação humana, principalmente a pública ou que de alguma forma seja aberta para muitas pessoas.

Assim, em termos simplistas, é difícil imagina quem se oporia a tese de que se todos usassem uma linguagem respeitosa seria melhor para todos.
Porém, muitos dos seus críticos dizem se tratar de uma forma branda de censura e que ela é usada para defender grupos que precisam ser criticados para o bem de nossa civilização, como por exemplo, radicais religiosos, bandidos, políticos corruptos e outros indivíduos ou grupos.

Também dizem, que ao evitar as críticas, criamos uma sociedade de pessoas que não sabem como lidar com ideias contrárias, causando maior tumulto social do que deixar com que o politicamente incorreto faça dessensibilização dos temas polêmicos.
Porém, não posso deixar de trazer alguns questionamentos. Quem diz que o politicamente incorreto cria pessoas incapazes de receber crítica também não aceitam a crítica de que estão fazendo discurso odioso e causador de sofrimento para determinados grupos alvo das "humilhações críticas", frutos de sua liberdade de expressão e falham em perceber que a liberdade de expressão não é isenta de responsabilidade. 
Outros, claramente apenas defendem o politicamente incorreto para manter o "direito" de ofender, insultar, humilhar grupos minoritários, a estes não há argumento que baste, já que apenas querem extravasar o ódio e ignorância "em paz", ainda pedem respeito a suas opiniões, sem mesmo terem o conhecimento da diferença entre opinião e discurso de ódio ou incitação a violência. Dizem que o politicamente correto deixa o mundo "chato", claro, já que a única forma de diversão que conhecem é o insulto ao semelhante distante (grupo de pessoas que não tem contato e por isso não tem empatia).
Por outro lado, os defensores extremos do politicamente correto culpam a vítima quando um indivíduo que extrapola seu direito livre expressão sofre algum tipo de retaliação violenta e criminosa.
No meio do campo de batalha, a verdadeira qualidade do politicamente correto se perde, ora sendo taxada erroneamente por ignorância, ora sendo usada como desculpa para ser justamente o contrário (quem não for politicamente correto é justo que seja vítima do politicamente incorreto). Então o quanto realmente conseguimos ser dignos?
O politicamente correto é digno, é ético, é necessário para a sociedade avançar em respeito e discussões que possam chegar a consensos benéficos para toda a humanidade. Porem, é preciso ser inteligente para usar essas regras. É difícil fazer crítica ao que consideramos errado na sociedade sem fazer ofensas, mas não é impossível! É um exercício que todos nós que queremos realmente criar uma sociedade mais justa devemos fazer. Nem sempre vamos conseguir ser politicamente corretos o tempo todo, somos humanos, falhos, temperamentais, mas reconhecer o erro e tentar melhorar é o mais nobre das atitudes humanas.

Apenas criticar o politicamente correto, achando que a liberdade de expressão irá dar espaço para discussão que chegará a um consenso é no mínimo inocente. Nessa orgia de insultos, o que estimulamos é apenas o campeão "tiradinhas", onde a opinião que fizer rir o maior número de pessoas é a "verdade". Esse é o salário da tal liberdade de expressão sem a orientação da ética, a lei do mais forte da selva, no caso, a lei do melhor em ofensas.
Não me espantaria, se deixarmos correr o politicamente incorreto, que daqui algumas décadas, nos tribunais, termos medidores de risadas ou gritos de ódio, o advogado que incitar mais ódio ou fizer rir mais loucamente o juri ganharia a causa... 
O politicamente correto é difícil, é preciso muita inteligência para seguir e mesmo assim defender suas ideias com o mesmo afinco, por isso as pessoas preferem o caminho mais fácil. Vejam que eu chamei as pessoas que usam o politicamente incorreto de burras e ignorantes, mas eu não precisei citar essas palavras, apenas agora para clarificar melhor. Mas eu poderia ter dito que são idiotas, que parecem que come cocô e esse tipo de coisa. Mas que tipo de resposta eu teria a esses insultos? Será mesmo que o alvo de minha crítica iria apenas pensar "nossa, ela me chamou de idiota, não vou mais ser incorreto com as pessoas, aleluia", com certeza não.
Ser correto é correto com sua comunicação é complicado, mas vivemos numa época em que quase tudo o que falamos pode se tornar público, principalmente na internet. Podemos abrir mão da ofensa e treinar a dignidade, isso nos custará muito trabalho intelectual, mas se realmente desejamos cooperar para as nossas causas (sejam lá quais forem), precisamos reavaliar nossas prioridades urgentemente e quem sabe perceber que ter a recompensa imediatista do insulto não é tão vantajoso a longo prazo como pode sugerir nosso sistema de prazer cerebral. 
Por fim, podemos acreditar que o ser humano é fundamentalmente bom, fundamentalmente mal ou sermos revolucionários ao ponto de acreditar no absurdo de que é possível escolher o que o ser humano "fundamentalmente" será. O problema sempre foi a dificuldade da opção e não da escolha, por isso tantos acreditamos que somos maus por natureza. Que caminho está disposto a seguir? 

http://filosofar.me/clultblog/0_problema_do_politicamente_correto/764



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