Noruega, Austrália e Estados Unidos são os primeiros colocados no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), composto por 187 países e territórios. Na outra ponta, a República Democrática do Congo, destruída por conflitos internos, e o Níger, assolado pela seca, registram a menor pontuação na medição do IDH, que avalia os avanços nacionais nas áreas de saúde, educação e renda. Os dados são do novo Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, publicado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Entretanto, Níger e República Democrática do Congo, apesar de seus contínuos desafios de desenvolvimento, estão entre os países que registram os maiores avanços na melhoria do IDH desde 2000, como mostra o Relatório. Os novos valores do IDH revelam uma melhoria consistente do desenvolvimento humano na maioria dos países. "Nas últimas décadas, os países de todo o mundo têm convergido para níveis mais altos de desenvolvimento humano, como mostra o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)", diz o Relatório 2013. "Todos os grupos e regiões têm assistido a uma melhoria notável na totalidade dos componentes do IDH, registando-se um progresso mais célere em países com um IDH baixo e médio. Assim sendo, o mundo começa a tornar-se menos desigual."
Quatorze países registraram ganhos significativos no IDH, superiores a 2% ao ano desde 2000 – pela ordem dos que mais avançaram, são eles: Afeganistão, Serra Leoa, Etiópia, Ruanda, Angola, Timor-Leste, Myanmar, Tanzânia, Libéria, Burundi, Mali, Moçambique, República Democrática do Congo e Níger. A maioria é composta de países africanos com IDH Baixo, muitos dos quais emergentes de longos períodos de conflito armado. Mesmo assim, os dados mostram que todos registram progressos significativos em frequência escolar, expectativa de vida e aumento de renda per capita.
A maioria dos países em grupos de IDH mais elevado também apresentou ganhos estáveis no índice desde 2000. Porém, em ritmo inferior ao dos países do quartil de IDH Baixo.
Hong Kong, Letônia, República da Coreia, Singapura e Lituânia mostraram os maiores avanços nos últimos doze anos, entre os países do quartil de IDH Muito Alto; Argélia, Cazaquistão, Irã, Venezuela e Cuba estão entre os cinco que mais avançaram entre os do grupo de IDH Alto; e Timor-Leste, Camboja, Gana, República Democrática Popular do Laos e Mongólia são os líderes de crescimento no agrupamento chamado de Desenvolvimento Humano Médio.
No geral, a tendência global aponta para o avanço contínuo do desenvolvimento humano. De fato, nenhum país cujos dados completos estavam disponíveis registra IDH mais baixo do que tinha em 2000.
Quando o IDH é ajustado para as desigualdades internas em saúde, educação e renda, algumas das nações mais ricas apresentam forte queda no IDH. Os Estados Unidos, por exemplo, caem de 3º para 16º no IDH Ajustado à Desigualdade; a Coreia do Sul de 12º para 28º; já a Suécia, por outro lado, sobe de 7º para 4º, quando as desigualdades no IDH doméstico são levadas em consideração.
"As médias nacionais escondem grandes variações na experiência humana, e diferenças significativas persistem dentro dos países, tanto do Norte como do Sul", observa o Relatório, citando o caso dos Estados Unidos, com um valor de IDH em 0,94 no geral, porém com uma média de 0,75 para os residentes latinos e 0,70 para afro-americanos.
"Disparidades étnicas similares no desempenho do IDH em países do grupo de IDH Muito Alto podem ser vistas entre as populações ciganas do sul da Europa", diz o Relatório.
Os novos rankings do IDH introduzem o conceito de empate estatístico pela primeira vez desde que o IDH foi lançado no primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano, em 1990, para países em que os valores do IDH são idênticos em até três casas decimais.
Irlanda e Suécia, cada uma com IDH de valor 0,916, estão ambas na posição número 7 no novo IDH, por exemplo, embora o IDH dos dois países divirja quando calculado para quatro ou mais casas decimais.
“Após a realização de consultas com vários especialistas em mensuração de desenvolvimento, concluímos que as diferenças menores que um milésimo são estatisticamente insignificantes. Quando dois países estão tão próximos em seus valores de IDH, compartilhar a mesma posição no ranking é mais justo e preciso.”
O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013 – A ascensão do Sul: o progresso humano em um mundo diversificado – foi lançado na Cidade do México hoje pela Administradora do PNUD, Helen Clark, e o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto. O Relatório analisa mais de 40 países em desenvolvimento que alcançaram rápidos ganhos em desenvolvimento humano em anos recentes, através de investimento contínuo em educação, saúde e outros serviços sociais, bem como de uma participação estratégica na economia mundial.
O Anexo Estatístico do Relatório de 2013 também inclui dois índices experimentais, o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) e o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG).
O IDG é projetado para medir as desigualdades de gênero, de acordo com os valores nacionais relativos à saúde reprodutiva, empoderamento e capacitação das mulheres no mercado de trabalho. Holanda, Suécia e Dinamarca estão no topo do IDG, com menor desigualdade de gênero. As regiões com maior IDG são África subsaariana, Sul da Ásia e os Países Árabes.
O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) analisa fatores no âmbito doméstico - como alfabetização adulta, matrículas de crianças na escola, mortalidade infantil, acesso à água potável, energia elétrica e saneamento, além de bens de consumo básicos e construção de moradias - que, juntos, fornecem um retrato mais completo da pobreza do que a avaliação isolada de renda. O IPM não pretende ser utilizado para comparações de ranking entre nações, devido a diferenças significativas nas pesquisas de domicílio disponíveis.
Nos 104 países abrangidos pelo IPM, estima-se que cerca de 1,56 bilhão de pessoas - ou mais de 30% de suas populações combinadas - vivam em situação de pobreza multidimensional. Os países com os maiores percentuais de pessoas “multidimensionalmente pobres” estão no continente africano: Etiópia (87%), Libéria (84%), Moçambique (79%) e Serra Leoa (77%). No entanto, os números mais elevados, em termos absolutos, dos indivíduos em situação de pobreza multidimensional estão no Sul da Ásia, incluindo 612 milhões só na Índia.
O Anexo Estatístico também apresenta informações específicas pertinentes ao Relatório 2013, incluindo a expansão das relações comerciais entre países em desenvolvimento, as tendências de imigração, aumento de conectividade global com a Internet, satisfação com os serviços públicos do governo, bem como a qualidade de vida das pessoas nos diferentes países.
O relatório também analisa as principais tendências de desenvolvimento regional, como mostrado nos dados do IDH e de outras fontes:
- Estados Árabes: com valor médio do IDH da região de 0,652, ocupa a quarta posição entre as seis regiões analisadas no Relatório de Desenvolvimento Humano, com o Iêmen atingindo o mais rápido crescimento desde 2000 (1,66%). A região possui a menor taxa de emprego em termos do total da população (52,6%), bem abaixo da média mundial de 65,8%.
- Ásia Oriental e Pacífico: A região apresenta um valor médio de 0,683 no IDH e registrou um índice anual de crescimento, entre 2000 e 2012, de 1,31%, com Timor-Leste liderando, com 2,71%, seguido por Myanmar, com 2,23%. A Ásia Oriental e Pacífico possui a maior taxa de emprego em termos do total da população - (74,5%) em todo o mundo em desenvolvimento.
- Europa Central e Ásia Oriental: O valor médio do IDH da região, situado em 0,771, é o mais elevado das seis regiões de países em desenvolvimento. A pobreza multidimensional é mínima, porém, regista a segunda mais baixa taxa de emprego–população (58,4%) das seis regiões.
- América Latina e Caribe: O valor médio do IDH de 0,741 é o segundo maior das seis regiões, superado apenas pela média da Europa Oriental e Ásia Central. A pobreza multidimensional é relativamente baixa, e a satisfação geral com a vida, de acordo com a pesquisa Gallup World Poll, é de 6,5 numa escala de 0 a 10, o mais elevado de qualquer região.
- Sul da Ásia: O valor médio do IDH por região é de 0,558, considerado o segundo mais baixo do mundo. Entre 2000 e 2012, a região registou um crescimento anual de 1,43% no valor do IDH, a mais alto entre todas as regiões. O Afeganistão alcançou o maior crescimento (3,9%), seguido pelo Paquistão (1,7%) e Índia (1,5%).
- África Subsaariana: O valor médio do IDH de 0,475 é o mais baixo de todas as regiões, mas o ritmo de evolução está aumentando. Entre 2000 e 2012, a região registrou um crescimento médio anual de 1,34% no valor do IDH, ficando em segundo lugar, abaixo apenas do Sul da Ásia, com Serra Leoa (3,4%) e Etiópia (3,1%) atingindo os mais rápidos avanços do IDH.
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SOBRE O IDH: O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi introduzido no primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano em 1990 como uma medida composta sintética de desenvolvimento que desafiava as avaliações puramente econômicas do progresso nacional. O IDH no RDH 2013 abrange 187 países e territórios. Limitações com a obtenção de dados impediram estimativas do IDH para oito países: Ilhas Marshall, Mônaco, Nauru, Coreia do Norte (República Popular Democrática da Coreia), San Marino, Somália, Sudão do Sul e Tuvalu. Os valores e rankings do IDH são apresentados na Tabela 1 do Anexo Estatístico do Relatório e são calculados utilizando os dados internacionais comparáveis mais recentes para a saúde, educação e renda. Os valores e rankings passados do IDH são recalculados retroativamente usando as mesmas atualizações e metodologias atuais, como apresentado na Tabela 2 do Anexo Estatístico.
Os rankings e valores do IDH no Relatório de Desenvolvimento Humano 2013 não podem, portanto, ser comparados diretamente aos rankings e valores do IDH publicados em Relatórios de Desenvolvimento Humano anteriores.
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SOBRE ESTE RELATÓRIO: O Relatório de Desenvolvimento Humano é uma publicação editorialmente independente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Para downloads gratuitos do Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, em 10 línguas, além de materiais de referência adicionais sobre os seus índices e implicações regionais específicas, visite: http://hdr.undp.org.