O CENÁRIO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
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O CENÁRIO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL


Por Paulo A. Gomes Cardim



      Falar sobre a educação hoje no Brasil é um grande desafio. Se, por um lado, podemos reconhecer avanços significativos, por outro lado ainda temos problemas que precisam ser enfrentados com urgência para que o país consiga atingir o crescimento a que se propõe – inclusive no cenário internacional. Ao falarmos de avanços, portanto, não podemos esquecer que eles trazem consigo a obrigação de readequação de visão sobre o assunto, atualizações profissionais e, principalmente, um novo comportamento dos principais players envolvidos: governo, instituições de ensino, professores, alunos e mercado de trabalho.
      O Ensino Superior, dentro desse novo cenário, é aquele com mais desafios. É  nele que vemos uma inversão de valores mais acentuada que resulta na ascensão do populismo em detrimento da meritocracia e, tão grave quanto isso, na banalização da educação pelos chamados  ”massificadores”. Ou seja: deixa-se de lado a importância da qualidade do ensino e do reconhecimento dos esforços individuais dos alunos para ampliar o número de diplomados. O resultado é um mercado de trabalho insatisfeito com os jovens profissionais e, consequentemente, uma produção (intelectual, de produtos ou de serviços) com qualidade aquém do esperado e do necessário. Não é preciso discorrer sobre a cadeia de outros efeitos provocados por essa irresponsável percepção de que a educação deve ser padronizada e massificada: eles estão em nosso dia a dia!
      O mercado, aliás, precisa de inovações concretas. Ele quer profissionais totalmente integrados à contemporaneidade e às possibilidades que ela anuncia para todas as áreas. Para o Ensino Superior, isso se traduz em uma fórmula muito simples: quebra de antigos preconceitos e busca de novos formatos. Os alunos em nossas salas de aula já exigem isso. Não mudar é um risco para a carreira do professor e uma estagnação da instituição que apoiar essa postura retrógrada. Ou seja – não mudar é comprometer o ensino. Dois exemplos muito reais nos mostram isso: a tecnologia e as atividades extracurriculares.
Tecnologia
O conteúdo dado por um professor na sala de aula pode ser acessado em meros segundos por uma pessoa em outro ponto do globo terrestre: para isso, basta que um aluno na sala faça um post em seu Facebook! Ou seja: o discurso do educador não é mais para os 30 ou 50 jovens sentados diante dele. É um discurso que vai além da sala! Ao invés de lutar contra essa realidade, por que não fazer dela uma  ferramenta? Por que não se aproveitar dessas possibilidades oferecidas pela tecnologia para enriquecer o conteúdo e a troca de conhecimento? Ao acessar um site no Brasil, podemos ver em tempo real o que se passa em um evento na Europa. A discussão de ontem em um Seminário no Japão pode estar na nossa sala de aula hoje. A velocidade da informação só atropelará aqueles que insistirem no passo de tartaruga.
      É surpreendente ainda termos, entre docentes, pessoas que veem a tecnologia como uma usurpadora de cargos e redução do mercado de trabalho. Ela é, essencialmente, uma colaboradora. Quantos novos empregos – que sequer existiam há dois anos, por exemplo – surgiram por causa das novas tecnologias? Quantos não surgirão? O que precisamos é nos atualizar, porque as tecnologias mudam as regras. Recomendo a todos os professores que enfrentem esse “bicho de sete cabeças”: acessem o YouTube, criem suas contas no Facebook, utilizem as plataformas para Educação a Distância, etc. Seus alunos certamente olharão você como uma referência e não mais como uma pessoa ultrapassada. É preciso combatermos o pensamento sindicalista de que a Educação a Distância e  educação semipresencial comprometem o ensino: bem elaboradas e com projetos sérios, são importantes ferramentas para ampliarmos o alcance da educação!
Atividades extracurriculares
Quando eu estava na escola, os professores passavam o que na época era chamado de “dever de casa”. Até hoje, a prática permanece: alunos devem complementar as horas passadas na escola com lições, trabalhos e pesquisas feitas em casa. Isso nunca ameaçou a figura do professor, sempre essencial para a sala de aula. Por que, então, achar que as atividades extracurriculares podem prejudicar o ensino? São elas que fazem com que os discentes ampliem sua visão do conteúdo da sala de aula.
      A sala de aula não é um limitador: ela deve ser vista como o ponto de partida e o professor deve cumprir o papel de desafiador! O que o aluno pode buscar que não está ali? Onde aplicará os conhecimentos e onde adquirirá mais repertório? Fora da sala de aula!
      Ou seja: as atividades extracurriculares não vão resultar na redução das cargas horárias dos professores, mas na ampliação da carga horária dos alunos! É um benefício para ambos: o aluno mais preparado responde mais rápido e se torna um profissional mais completo!
Neste momento em que celebramos o Professor (que faço questão, aqui, de escrever com letra maiúscula), deixo a reflexão para todos sobre o mundo que estamos vivendo e aquele que queremos construir. Professor, agradecemos pela sua colaboração até hoje e contamos com você para nos  ajudar a construir o Brasil do futuro!



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