O deputado Nicolás del Caño, reduziu seu salário ao piso do de um professor como protesto contra o aumento dos salários de senadores e deputados argentinos.
O deputado nacional argentino Nicolás del Caño, que decidiu igualar seu salário aos dos professores do país
Na Argentina, assim como no Brasil, os deputados e senadores ganham salários acima da média dos trabalhadores do país. Entretanto, recentemente, chamou a atenção dos eleitores argentinos a atitude de um deputado federal de nosso país vizinho que abdicou parte do seu salário após receber um aumento, decidindo somente receber o equivalente ao salário que os professores argentinos recebem.
No Brasil, de acordo com a Constituição, o valor do salário é o mesmo para deputados federais e senadores e, atualmente, foram equiparados aos que os ministros do Supremo Tribunal Federal, presidente e vice-presidente da República e ministros de Estado recebem, ou seja, o valor de R$ 26.723,13.
Na Argentina, o salário de um deputado a partir de 1º de fevereiro de 2014 será de 50 mil pesos argentinos, o equivalente a R$ 17 mil, um pouco abaixo do que recebem os deputados brasileiros.
Del Caño e um cartaz do partido Frente de Izquierda
O deputado da Frente de Izquierda (Frente de Esquerda) Nicolás del Caño, se posicionou contra um novo aumento dos salários dos deputados nacionais (equivalentes aos nossos federais) argentinos. Esse novo aumento chamou a atenção da sociedade do país ao atingir a cifra significativa de 50 mil pesos argentinos.
Frente ao novo aumento, o deputado declarou que seu salário será de 8.500 pesos argentinos (o equivalente a R$ 2.900,00), salário que os professores do país recebem atualmente, não muito distante da maior parte da população com curso superior – um pouco acima do que recebem os professores brasileiros em sua maioria.
Ao tomar essa atitude, Del Caño declarou que gostaria que todos os deputados recebessem o mesmo que os professores, além de afirmar que o salário dos políticos, cerca de 10 vezes mais do que um trabalhador comum recebe no país, é uma provocação à toda a sociedade e que tal panorama deveria mudar.
Congresso Nacional Argentino, em Buenos Aires. É preciso rever o salário dos políticos argentinos
Atualmente a Argentina vem passando uma situação crítica em sua economia, com a diminuição de suas reservas em dólar e com a alta da inflação que, segundo economistas, é camuflada pelo governo, que não divulga a real taxa de inflação no país.
Segundo o deputado nacional de Mendoza, cidade no noroeste argentino, a inflação teria “comido” 20% do salário real do trabalhador nos últimos três meses, sem que o governo e os empresários encontrem alguma solução para isso. Ademais, segundo ele, manter altos salários de deputados e ministros teria somente o propósito de que o governo conte com o apoio dos políticos, sem ter sua política questionada. Empresários, banqueiros e fazendeiros, na atual política econômica do país, não estariam sofrendo como a maior parte da população com as medidas tomadas na economia pelo governo de Cristina Kirchner, segundo o deputado.