Os parlamentares signatários do documento, comprometem-se com o voto contra o golpe de Estado, em curso. Mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, articulador da Frente, quer um número maior de deputados e senadores
Por Redação – de Brasília
A votação que ocorrerá neste domingo, no Plenário da Câmara dos Deputados, mobiliza o país, embora passe o Supremo Tribunal Federal (STF) a definir — a partir desta segunda-feira — se é válido, ou não, todo o processo em debate, ao longo dos últimos meses. No campo político, é clara a divisão entre aqueles que querem a continuidade do golpe de Estado, caso o impeachment prossiga sem que o crime de responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff tenha sido comprovado, e quem defenda o seu afastamento, pura e simplesmente porque há uma crise econômica e moral, em curso no país.
A presidenta do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), anunciou nesta manhã que pretende protocolar, nas próximas horas, na Câmara, o bloco parlamentar Frente Mista em Defesa da Democracia, com assinaturas de 185 deputados e 30 senadores. O documento assegura que a frente se propõe a atuar “na defesa da democracia como princípio, dado o momento de grande complexidade no cenário da política brasileira, onde as instituições e a legitimidade do voto estão sendo postos em cheque”.Com este número de parlamentares, o golpe estará neutralizado, antes mesmo de começar a votação.
Os parlamentares signatários do documento, comprometem-se com o voto em favor ao governo. Mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, articulador da Frente, quer um número maior de deputados e senadores ao lado do governo e afirmou, mais cedo, que é necessário “trabalhar até o último minuto de domingo”.
Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence, o governo tem garantidos os 172 votos necessários para barrar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff durante votação no plenário da Casa.
— Hoje, eles (da oposição) não têm 342 votos. Não têm e não terão. E, nas ruas, o movimento pela legalidade democrática tem influenciado muito o voto de indecisos. O governo obviamente se preocupa com os indecisos. Há um trabalho de persuasão — afirmou Florence.
Florence deu a declaração após café da manhã no Palácio da Alvorada em que a presidenta reuniu ministros e parlamentares da base aliada. Para que o pedido de impeachment prossiga para o Senado, dois terços (342) dos 513 deputados devem votar a favor.
— A presidenta agradeceu aos membros da comissão que votaram contra a admissibilidade do processo de impeachment e reiterou que não há crime de responsabilidade. Temos trabalhado com muita parcimônia em contraposição a essa campanha de ‘já ganhou’ da oposição — afirmou Florence.
Estavam presentes no café da manhã os ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Armando Monteiro (Desenvolvimento e Indústria), Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), Marcelo Castro (Saúde), Celson Pansera (Ciência e Tecnologia) e Mauro Lopes (Aviação Civil).
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também reafirmou que está seguro de que o impeachment será barrado no plenário no domingo. “Nossos levantamentos apontam que as bancadas estão muito divididas. Só tem poucos partidos fechados 100%, de um lado e de outro. Não tem risco de nós termos menos de 200 votos [no domingo] pelos cálculos e pelos contatos [que fizemos]. Eles [oposicionistas] não têm os 342 votos.
— Vamos fazer mais contato, mais diálogo para convencer que nós temos votos para derrotar o impeachment — disse Guimarães, que também participou do café da manhã.
Heróis da democracia
e contra o golpe
A presidenta Dilma, durante o café da manhã, no Palácio da Alvorada, com os deputados que votaram contra o parecer da Comissão do Impeachment na Câmara dos Deputados, aplaudiu a atitude daqueles que chamou de ‘Heróis da Democracia’ após a votação na comissão do impeachment na segunda-feira.
Na chegada para o encontro, o deputado Sílvio Costa (PTdoB) afirmou que 203 deputados votarão contra o impeachment no próximo domingo em plenário. De acordo com ele, o governo trabalha com uma margem de 10% pra cima ou pra baixo. A deputada Jandira Feghali, (PCdoB), também declarou que o impeachment não será aprovado.
— Um gesto de agradecimento da presidenta com os que votaram nela na Comissão. Só posso dizer que eles não terão dois terços — disse ela.
Entre os presentes no encontro estavam também os deputados Orlando Silva, Arlindo Chinaglia, José Mentor, Pepe Vargas, Wadih Damous, José Guimarães, Luciana Santos, Benedita da Silva, Zé Geraldo, Afonso Florence; os ministros Ricardo Berzoini e Jaques Wagner; e os hoje deputados Marcelo Castro, Celso Pansera, Antônio Carlos Rodrigues e Mauro Lopes.
Na segunda-feira, o governo conquistou 41,5% dos votos da comissão, com votos de deputados do PT, PP, PMDB, PSD, PR, PDT, PC do B, PSOL, Rede, PT do B, PTN e PEN. Eles se posicionaram a favor da legalidade e contra o golpe.
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