Também chamada de "Grande Muralha", a Muralha da China é uma estrutura de arquitetura militar, construída durante a China Imperial.
Na realidade, consiste em diversas muralhas, construídas por várias dinastias ao longo de cerca de dois milênios. As suas diferentes partes distribuem-se entre o Mar Amarelo (litoral Nordeste da China) e o deserto de Góbi e a Mongólia (a Noroeste).
Esta muralha constituiu um sistema completo de defesa militar durante a época das armas frias. Atualmente, apresenta-se como uma procurada atração turística do país, tanto para chineses como para turistas estrangeiros.
A Grande Muralha estende-se por mais de seis mil quilômetros de leste a oeste no norte da China. Seus muros foram construídos aproveitando os contornos das montanhas e dos vales. Além dos muros, ao longo da muralha levantaram-se torres, passos estratégicos e atalaias que tinham por função servir como um alarme a possíveis ataques.
A muralha da China foi construída em várias etapas, a primeira delas por indicação de Qin Shi Huangdi, primeiro imperador da China e fundador da dinastia Ch’in.
Acredita-se que 400.000 pessoas trabalharam na construção durante o reinado de Qin Shi Huangdi e seus descendentes.
A Grande Muralha da China começou a ser construída para defender o reinado Qin contra a pilhagem de tribos nômades. Sua construção prosseguiu ao longo de sucessivas dinastias.
Sua construção iniciou no período de primavera e outono (770-475 a.C) e prosseguiu no período dos Reinos Combatentes.
Nesta época, houve na China sete reinos independentes: Chu, Qi, Wei, Han, Yan, Qin e Zhao. Para se defenderem das incursões vizinhas, cada um desses reinos construiu suas próprias muralhas, em terrenos de difícil acesso.
No ano de 221 a.C, o reino de Qin conquistou os outros seis estados e resolveu unificar toda China, ordenando a união das muralhas levantadas por cada reino e a construção de novas tramas.
A grande muralha continuou crescendo durante mais de 1500 anos, com diferentes materiais e características dependendo da região.
A fim de protegerem-se contra as invasões dos hunos, as dinastias seguintes deram continuidade aos trabalhos de manutenção e reparação da muralha. As reparações de maior envergadura se realizaram durante as dinastias Qin, Han e Ming.
Os governantes da dinastia Han continuaram conservando e alongando esta incrível construção. Sua construção parou definitivamente no século XVII durante o predomínio da dinastia Ming.
O trecho da Muralha que ainda permanece nos dias de hoje era parte da Rota da Seda, e foi construída durante a Dinastia Ming. Ela se estende por cerca de 6.350 quilômetros.
Ao longo dos séculos, a Muralha foi guarnecida por exércitos com o objetivo de alertar ao primeiro sinal de invasão, e também como primeira linha de defesa.
O principal motivo para a construção da muralha foi o desejo de defender-se dos ataques dos povos nômades do norte e foi utilizada para transladar pessoas e armamentos em grande velocidade de um lado para outro, também foram transportadas caravanas que iam desde as cidades chinesas até o golfo pérsico e dele aos portos do mediterrâneo oriental e, desta maneira, tinham acesso aos mercados europeus.
Diferente do que se acredita, seu propósito não era tanto deter a invasão dos Manchus e das tribos nômades do norte, mas impedi-los de roubar propriedades e fugir da China.
Depois da formação da Dinastia Qing, a Muralha já não tinha utilidade, pois o país passou a ser governado pelos mesmos povos contra os quais ela havia sido construída.
Ela então se tornou uma fonte de materiais de construção para os vilarejos vizinhos, contribuindo para sua deterioração e destruição.
Considerada uma das sete maravilhas do mundo, a muralha despertou o interesse e a admiração de todo o planeta. Em 1987, foi incluída no Patrimônio Cultural Mundial da Unesco.
Então, a Grande Muralha passou a fazer parte da história da China com o nome de “Muralha do Dez Mil Li” (dois Li equivalem a um quiilômetro), nome utilizado pelos chineses até os dias de hoje.
A muralha existente foi reconstruída sobre a base original nos tempos da dinastia Ming até alcançar uma largura de 5.660 Km, começando por Shanghai (leste) para Jiayu (oeste), atravessando também quatro províncias (Hebei, Shanxi, Shaanxi e Gansu), duas regiões autônomas (Mongólia e Ningxia) e Beijing.
A grande muralha, que atravessa montanhas e rios, continua sendo uma das grandes maravilhas do mundo, muitas das pedras usadas na sua construção medem mais de dois metros e seu peso ultrapassa uma tonelada.
A parte mais famosa da grande muralha está localizada perto de Beijing, no local conhecido como Badaling, foi construída em 1831, durante o reinado do imperador Hongwu, da dinastia imperial Ming (1368-1644). A seção de Jiumenkou tem 1704m de comprimento e tem sido reparada e restaurada diversas vezes.
O muro tem altura de 7 a 8 metros, chegando a 10 em alguns locais. A largura é de 7m na base e 6m no topo. O material usado para a construção da muralha variava de acordo com a região, quer dizer, foram utilizados tijolos, granito e calcário.
O piso da muralha foi construído com uma mistura de pedras de diferentes tamanhos, compactadas por rolos feitos com troncos, o solo ficava pronto depois de serem feitas de 4 a 6 camadas. Os pisos foram pavimentados e, assim, permitiam uma ótima circulação.
As torres eram dispostas em distâncias regulares segundo a inclinação do terreno, estas tinham terraços para que fossem feitos sinais óticos de uma à outra.
As escadas foram evitadas, dando preferência à construção de rampas para permitir um deslocamento mais fácil. A muralha também possuía portas, fortes, alojamentos para os soldados, estábulos para os animais, depósitos de suprimentos e armas.
Esse marco da engenharia tornou-se um símbolo da China, apesar de suas formas terem sido mal compreendidas por muito tempo. A Grande Muralha é um conceito unificado na consciência popular, mas, na verdade, o norte da China é riscado de muitas e diferentes muralhas edificadas por muitas e diferentes dinastias.
Em abril de 2009, o governo chinês divulgou que a muralha tem 8 850 quilômetros, valor calculado com a ajuda de GPS. Especula-se que milhões de soldados viviam na fortificação.
A partir de 1664, quando os manchus expandiram o território da China na direção norte, a obra perdeu utilidade. Em 1677, uma ordem do imperador Kangxi (1654-1722) pôs fim à longa saga de construções e reformas da mais incrível estrutura militar do mundo.
A Grande Muralha foi construída por milhares de camponeses que, em troca do trabalho, eram liberados do pagamento de impostos.
Para sua realização foram também utilizados escravos e recrutas como mão-de-obra. Os primeiros jesuítas que visitaram a região relatam que o trabalho escravo era exigido até a exaustão.
Há registros que dizem que, por causa da má alimentação e do frio, até 80% dos operários morriam trabalhando. Registros históricos informam que pelo menos um milhão de escravos e os prisioneiros de guerra foram usados para construir a muralha. Durante a obra, muitos morreram de exaustão, doenças e inanição e seus corpos foram acrescentados ao entulho e aos vazios da obra como forma mais rápida de se desembaraçar deles.
Durante séculos, a Muralha foi conhecida como o cemitério mais longo no mundo. Segundo os historiadores, cada metro linear em alguns trechos da Grande Muralha, custou a vida de três trabalhadores.
Atualmente, a Grande Muralha China, um dos monumentos mais visitados do mundo, está com boa parte de sua estrutura em mal estado de conservação, e as perspectivas não são otimistas, por causa da falta de recursos e do desenvolvimento industrial irresponsável.
"A Grande Muralha é o símbolo mais reconhecível da China no mundo, e deve ser conservada com vida". - Wu Guoqiang, secretário-geral da Sociedade da Grande Muralha.
Vídeo : A Muralha da China
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